domingo, 30 de outubro de 2016

O Clã (2015)




Dirigido por Pablo Trapero, O Clã é mais um representante da excelente escola de filme policiais argentinos, assim como o Segredo dos seus Olhos, Tese sobre um Homicídio, entre muitos outros. Apesar de se encaixar no gênero policial, pela natureza da trama que envolve crimes e tensão, o Clã está muito mais para um drama, com grandes momentos de angustia e tristeza, mas sem deixar de lado a ação de um bom filme policial.

O filme narra a história real dos Puccio, uma família de classe média de Buenos Aires que sequestrava pessoas. Todas as ações criminosas eram orquestradas por Arquimedes, o pai da família, um antigo membro da ditadura militar que torturava e sequestrava pessoas. Com o fim da ditadura e com a crise econômica que assolava a Argentina na época, Arquimedes decide usar os seus “dotes criminosos” para manter o padrão de vida confortável da família.

Apesar do pai ser o maestro dos crimes, toda a família participava direta ou indiretamente dos sequestros. Os homens da família, Arquimedes e seus filhos Alejandro e Maguilla, participavam de maneira direta sequestrando as pessoas, enquanto que as mulheres da família, a mãe e as filhas, participavam de maneira indireta, sendo coniventes e até ajudando em algumas tarefas menores. Pelo fato de toda família participar dos crimes os Puccio ficaram conhecidos como “O Clã”.

Se o fato de ser uma história real já não bastasse para chocar o público, o filme em si também ajuda muito para tornar essa história ainda mais perturbadora e chocante. Através da grande direção de Trapero, das impactantes atuações dos protagonistas e da bela fotografia e trilha sonora, o filme traz um tom melancólico e desconfortável muito interessante, que enriquece ainda mais a história original que já é bem forte.

A começar pela direção de Pablo Trapero, esta mantém o expectador tenso a todo o momento, com belos e sufocantes enquadramentos. Some ainda uma fotografia muito bem executada em tons pasteis que passa a ideia de algo velho que está se deteriorando. E por fim a trilha sonora que  é a cereja do bolo, com músicas muito bem encaixadas que ajudam a contar a história  do filme e a passar o sentimento que o diretor quer. Destaque para Sunny Afternoon da banda The Kinks que descreve perfeitamente a melancolia e o sentimento de impotência do filho Alejandro.

Interpretado por Peter Lanzini, Alejandro, ou Alex como é chamado pela família e pelos amigos, é um popular jovem jogador de rúgbi da seleção argentina, que se aproveita do seu círculo de amizade com membros da alta sociedade argentina para ajudar o pai nos sequestros, tendo sequestrado diversos colegas de time pertencentes a famílias ricas. Apesar de participar ativamente dos crimes, Alex não se sente nem um pouco à vontade com a situação, mas com medo de decepcionar a família continua os ajudando nos sequestros. O ator Peter Lanzini consegue passar muito bem toda a angústia e os sentimentos reprimidos do personagem que dão o tom melancólico do filme.

Apesar da grande atuação de Lanzini, o destaque fica mesmo por conta de Guillermo Francella no papel do patriarca da família, Arquimedes Puccio. O personagem é um homem extremamente frio e calculista. A expressão impassível do ator é aterrorizante, de dar medo tamanho o impacto que causa.

Concluindo, O Clã é um filme forte, perturbador pelos fatos que descreve e também pela maneira que os mostra. Com grandes atuações, direção, fotografia e trilha sonora, o longa já pode postular um lugar entre os melhores argentinos dos últimos anos. 

domingo, 23 de outubro de 2016

Os 5+: Melhores filmes de Stanley Kubrick




Reconhecido pelos críticos como um dos maiores diretores da história, se não o melhor, Stanley Kubrick é sem dúvida um dos maiores artistas que já puseram o pé em Hollywood. Sua perfeição na hora de compor as imagens, de uma simetria belíssima, o tornou uma lenda do cinema. Além da beleza das imagens que exibia na telona, Kubrick também se destacava pela versatilidade em trabalhar com os mais diversos gêneros cinematográficos. Épico histórico, terror, ficção científica e guerra são só alguns dos estilos que o cineasta se aventurou.
Devido à grande importância de Kubrick para a história do cinema resolvemos escolher quais são na nossa opinião os 5 melhores trabalhos do diretor:



5° Glória Feita de Sangue (1957)


Primeiro grande sucesso do diretor, Glória Feita de Sangue se passa durante a 1° guerra mundial e conta a história de um ataque suicida dos franceses contra os alemães e as consequências políticas que esse ataque ocasiona.
Protagonizado por Kirk Douglas e filmado em preto e branco o filme é considerado como um dos melhores longas de guerra de todos os tempos. As cenas de batalha, em especial a do começo do filme são um espetáculo. Some ainda a forte crítica anti-bélica e temos, portanto, um grande clássico do cinema.



4° O Iluminado (1980)


Baseado na obra literária homônima de Stephen King e protagonizado por Jack Nicholson, O Iluminado é um dos maiores clássicos de terror da história. O filme conta a história de Jack Torrance (Nicholson), um escritor que aceita um emprego de zelador em um hotel afastado da civilização em busca de inspiração para escrever. Ele se muda para lá junto com a esposa e o filho, no entanto, após uma nevasca deixar a família sem poder sair do hotel por um longo período, fatos estranhos começam a acontecer e a loucura começa a tomar conta de Torrance.
O longa se tornou icônico ao longo dos anos, com momentos clássicos como “Here´s Jhonny!”, bem como a cena do menino andando de triciclo no corredor.
Kubrick mostra que também é muito competente na hora de criar tensão e assustar, e apesar de não ser um típico filme de terror, O Iluminado é definitivamente chocante e apavorante.



3° Doutor Fantástico

Considerado por muitos críticos como uma das melhores comédias de humor negro da história, Doutor Fantástico se passa durante a guerra fria e narra os bastidores de uma sala guerra americana prestes a lançar uma bomba na URSS. O filme é uma tragicomédia que mescla muito bem temas como guerra, destruição e humor.
O destaque fica por conta de Peter Sellers que interpreta nada mais nada menos do que 3 personagens. Incluindo o personagem que dá nome ao filme, O Doutor Fantástico, um cientista nazista radicado nos EUA mas que mantém antigos hábitos, como uma compulsão irrefreável de fazer a saudação “Heil Hitler”.



2° 2001: Uma Odisseia no Espaço

Considerado por muitos como o melhor filme de ficção científica já feito, 2001 é um verdadeiro marco na história do cinema. Baseado na obra literária de Arthur C. Clark, o filme conta a história da humanidade desde a idade da pedra até a conquista do espaço. O longa é muito mais filosófico do que qualquer coisa, não existe uma linha narrativa clara, o foco é na história do desenvolvimento do ser humano, e até onde ele pode ir.
2001 também é um dos filmes mais icônicos do cinema, sendo lembrado até hoje por suas cenas famosas. O macaco jogando o pedaço de pau para cima, o astronauta correndo na nave e o robô hall 9000 são lembrados até hoje, seja em referências ou até mesmo em paródias.
Por fim, o filme se destaca pelo seu componente visual impressionante. Kubrick delícia o público com efeitos visuais de encher os olhos, impressionantes para a época em que foram feitos. Sem dúvida nenhuma, 2001 é um dos filmes esteticamente mais fantásticos já feitos.



1° Laranja Mecânica


Baseado no livro clássico de Anthony Burgess, Laranja Mecânica marcou época tanto pela polêmica devido à violência do filme, tanto pela direção magistral de Kubrick. Se tem uma palavra que pode definir o filme, podemos dizer que é impactante, você pode até não gostar do longa, mas sem dúvida ficará impactado.
A começar pela história, que narra a vida de Alex de Large, um delinquente juvenil sem nenhum objetivo de vida que se reúne todas as noites com a sua gangue para cometer diversos crimes, como espancamentos, roubos e estupros. No entanto, tudo começa a mudar quando Alex acaba preso por um de seus crimes e vira uma cobaia do governo em um experimento que causa náuseas e dores de cabeça quando o jovem tem pensamentos agressivos.
Se não bastasse a história que já é forte, some ainda a direção de Kubrick, que consegue mesclar muito bem violência e beleza, seja nas cenas de violência em câmera lenta, dando a ideia de dança, de ópera, seja colocando músicas clássicas no fundo de cenas fortes. A música é outro ponto forte do filme, Alex é um delinquente que gosta de música clássica, essa dualidade entre o refinado e o grosseiro está em todo o filme, assim como na cena do estupro em que o protagonista canta “Singing in the rain” ao mesmo tempo em que prática o ato de violência.
Outro ponto de destaque de Laranja Mecânica é a direção de arte, desde o cenário do bar em que a gangue toma o seu leite (ou melhor, moloko), até o figurino de Alex e sua turma, que se transformou em um verdadeiro ícone da cultura pop. Aliado a direção de arte está a fotografia e a direção de Kubrick, que produz enquadramentos belíssimos, movimentos de câmera inteligentes e acima de tudo, imagens que mais parecem uma obra de arte.
Por fim há ainda que destacar a brilhante atuação de Malcom Macdowell no papel de Alex. O ator britânico está completamente surtado e insano como o psicopata líder dos druguis. Ele consegue passar muito bem toda a loucura de certa forma infantil do protagonista. No entanto, mesmo interpretando um criminoso cruel, Macdowel também consegue fazer o público sentir pena de Alex, quando o mesmo está passando pelo tratamento. O ator transmite muito bem todo o sofrimento do garoto que não pode nem ao menos ouvir o seu amado disco do Beethoven.