domingo, 4 de fevereiro de 2018

Os 5+: Melhores Episódios de Black Mirror


Depois de 4 temporadas e 19 episódios, pode-se afirmar que Black Mirror já é uma das melhores séries dessa década. E como tal, é muito complicado escolher os seus 5 melhores episódios. A maior parte são de capítulos bons e excelentes e apenas alguns pouquíssimos medianos e ruins.

O critério de escolha foi sobretudo subjetivo, o fator principal foi o meu gosto pessoal. Mas tentei na medida do possível levar em conta outros critérios mais objetivos, como ritmo, roteiro, atuação, valor de entretenimento e valor intelectual. Aliás, como a série se baseia principalmente no componente trágico e ao mesmo tempo real da tecnologia, e também no impacto emocional que deixa nos expectadores, esses fatores foram levados muito em consideração.

Então, vamos lá! Confira abaixo a lista com os nossos 5 episódios preferidos:



5° Playtest

Cooper é jovem americano que decide sair de casa para esquecer a morte do pai que tinha Alzheimer e a consequente depressão da mãe. Ele fica meses viajando pela Europa em um mochilão que parece que o fazem esquecer de todos os seus problemas. Porém, o seu dinheiro começa a acabar e ele decide servir de cobaia para um jogo de realidade aumentada em troca de um pagamento. No entanto, a realidade do jogo se mostra extremamente crível, e os piores medos e culpas do jovem aparecem materializados em forma de um aterrorizante videogame que traz consequências trágicas.

Pode não ser o episódio mais original e reflexivo da série, mas com certeza é um dos mais perturbadores e impactantes. Abordando como os nossos piores fantasmas podem ser devastadores quando trazidos à tona.

De quebra ainda aborda a questão atual de jogos de realidade virtual cada vez mais reais, e quais podem ser as suas possíveis consequências.
Resumindo, é quase que um filme de terror psicológico, com pitadas inteligentes sobre tecnologia e seus piores efeitos, como um bom episódio de Black Mirror deve ser.



 4° Hang the DJ



Episódio da temporada mais recente da série, Hang the DJ conta a história de um casal que se conhece através de um sistema de relacionamentos virtuais (espécie de Tinder em realidade aumentada). Que não só escolhe com quem a pessoa deve se encontrar, como também diz de antemão quanto tempo o casal ficará junto. Tudo isso para, depois de vários encontros a pessoa achar o seu “par ideal” e viver com ele o resto da vida.

No entanto, o casal de protagonistas se conhece, acaba se apaixonando, mas o sistema diz que eles não devem ficar juntos. Depois de se reencontrarem, eles decidem burlar o sistema e fugir de lá para viverem o seu romance.

Além da química e carisma dos protagonistas ser muito forte, esse episódio também apresenta uma forte reflexão sobre os relacionamentos na era do amor virtual. A metáfora principal diz respeito a artificialidade e o caráter descartável dos aplicativos de relacionamento, e como eles se relacionam com a pressão que a sociedade exerce para que todo mundo ache o seu par ideal (nesse aspecto lembra muito o filme O Lagosta do grego Yorgos Lanthimos). Além de levantar outras questões interessantes como: Um relacionamento já nasce tendo um prazo de validade? É necessário ter uma experiência com vários relacionamentos fracassados para enfim achar a pessoa certa? A tecnologia ajuda ou atrapalha um relacionamento? É possível achar a pessoa ideal nesses aplicativos?

Enfim, é altamente reflexivo, além de ser divertido e romântico e contar com um final memorável.




3° Nosedive


Em uma realidade onde o sucesso socioeconômico das pessoas depende de boas avaliações dos outros, Lacie é uma garota popular que tem uma avaliação de 4,2 estrelas de 5 possíveis. Ela está sempre preocupada com a opinião dos outros, e como pode agradar a todos e ao mesmo tempo transparecer ser alguém alegre, bem-sucedida e feliz.
No entanto, tudo começa a ir água abaixo quando ela acaba se atrasando para o casamento de uma amiga de infância extremamente bem avaliada. A demora em chegar a festa acaba irritando a sua amiga popular, gerando avaliações negativas para Lecie, e uma pressão que ela não consegue lidar. Levando-a  se comportar de forma contrária as convenções daquela sociedade e consequentemente fazendo a sua avaliação despencar.

Fica claro a crítica as redes sociais, em especial ao Facebook. A necessidade que as pessoas sentem de se mostrarem perfeitas e felizes online, e os impactos que essa “máscara social” gera. A felicidade virou quase que uma obrigação, e se alguém não consegue ser feliz na vida real, pelo menos nas redes sociais existe a oportunidade de ser, ou pelo menos parecer ser.

A interação com os outros também é importante, quanto mais amigos e curtidas o indivíduo tiver, mais importante e bem-sucedido ele se sente. Por mais que a pessoa não conhece pessoalmente nem metade dos seus seguidores online, o importante é ser seguido, receber curtidas, e ser notado.

Parece que hoje em dia alguém só existe se estiver nas redes sociais. E é justamente isso que Nosedive aborda, de forma divertida, inteligente, pessimista e acima de tudo realista.




2° The Entire History of you


O que você faria se pudesse acessar todas as suas memórias, e assisti-las em sua televisão, como se fosse o seu seriado favorito?
Essa é a premissa do segundo melhor episódio de Black Mirror. Em um mundo em que as pessoas possuem um chip implantando na cabeça que grava e reproduz as memórias de toda a sua vida, é normal mostrar para os seus amigos algum evento importante que aconteceu com você, como uma entrevista de emprego, um jogo de futebol ou um encontro amoroso.

Liam e Ffion são um casal que vai jantar na casa de alguns amigos. Nesse jantar Liam acaba desconfiando que a sua esposa o está traindo com um amigo dela. Depois de pressioná-la para lhe contar a verdade, Liam convence Ffion a lhe mostrar as suas memórias, e acaba confirmando a sua suspeita.A partir desse momento a relação dos dois entra em declínio, com paranoias e desconfianças que acaba levando a consequências trágicas.

Esse é sem dúvida um dos episódios mais densos e angustiantes de toda a série. Em tempos que cônjuges desconfiados costumam vasculhar as redes sociais do parceiro a procura de conversas suspeitas que comprovem uma provável traição, esse episódio é extremamente atual. E apesar dessa tecnologia parecer distante, fica claro que se ela existisse casos como o de Liam e Fifion seriam corriqueiros.

A reflexão que The Entire History of You traz é altamente impactante, real e prende a respiração dos expectadores do primeiro ao último minuto. Um verdadeiro soco no estômago, mas um soco virtual e tecnológico, bem ao estilo Black Mirror.




1° White Christmas


Episódio especial de Natal da segunda temporada da série, inovou pela duração mais longa que o habitual, e também por colocar histórias paralelas que depois se tornam uma só, ideia que foi retomada na última temporada com Black Museum.

A história começa com dois homens conversando em uma cabana durante uma nevasca. Matt conta a Joe sobre o tempo em que ele trabalhava como consultor amoroso, através de uma tecnologia que permitia visualizar o que os seus clientes estavam vendo durante uma paquera e com base nisso dar conselhos de como eles poderiam conquistar a mulher que eles estavam conversando. No entanto, o mundo de Matt desaba quando um dos encontros que ele dava consultoria termina de forma trágica e ele acaba responsabilizado por isso.

Matt na verdade estava tentando obter a confissão de um crime que Joe cometeu em troca da sua própria libertação devido a esse incidente. Após conseguir a confissão Matt é libertado, mas não sem pagar um preço terrível como forma de punição eterna.

Esse episódio tem uma narrativa extremamente complexa, sem dúvida a mais elaborada de toda a série, com vários pontos de virada. Além de contar com conceitos tecnológicos interessantíssimos como bloqueio de pessoas (inspirado no bloqueio das redes sócias, mas ampliado para a vida real, quando a pessoa não consegue nem enxergar e falar com quem o bloqueou), além do conceito de transferência de consciência na nuvem, e a criação de mundos virtuais, onde essas consciências são transportadas.

Por fim, ainda conta com uma das melhores atuações de toda a série. O premiado ator John Hamm, vencedor do Emmy pelo seu papel em Mad Men, interpreta Matt, um personagem com várias camadas. Sem falar no restante do elenco que também está muito bem.

Resumindo, White Christmas é melhor episódio de Black Mirrror por reunir de forma brilhante tudo que o seriado tem de melhor. Reflexão, suspense, reviravoltas, impacto emocional e atuações memoráveis. Um verdadeiro conto de terror sobre a tecnologia. Real, pessimista e muito..... muito Black Mirror.





Como dito na introdução do texto, a tarefa de listar apenas 5 episódios dessa série tão espetacular é muito difícil. Por isso há que se fazer uma menção honrosa a outros tantos capítulos excelente do seriado, que poderiam perfeitamente estar nos 5+.
São eles: San Junipero, Be Right Back, Black Museum, White Bear e Shut Up and Dance.




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