sábado, 4 de fevereiro de 2017

Até o Último Homem


Dirigido por Mel Gibson e estrelado por Andrew Garfield, Até o Último Homem, conta a história real de um soldado que não podia sequer tocar em uma arma devido as restrições da sua religião. O soldado Desmond Doss é então enviado para o Japão em plena Segunda Guerra Mundial, tendo que achar uma maneira de ajudar os seus companheiros de front e de se proteger dos ataques inimigos, sem portar arma alguma.

Além da premissa interessante, Até o Último Homem conta com grandes cenas de guerra, comparáveis para alguns críticos até com O Resgate do Soldado Ryan ( lembram bastante, mas ainda estão um pouco abaixo do filme de Spielberg). De qualquer forma as cenas de batalha são o ponto alto do filme, com um grau elevado de violência e realismo. Aqui a guerra não é glorificada, pelo contrário, é mostrada de forma nua e crua, com soldados sendo explodidos, dilacerados, queimados e com as tripas a mostra. Definitivamente não é um filme para quem tem estômago fraco.

Ainda falando sobre as cenas de guerra, Mel Gibson é conhecido por mostrar a violência de forma extremamente real, sem filtros. Assim como fez em filmes como a Paixão de Cristo por exemplo. Além da violência altamente impactante, o diretor coloca o expectador dentro da batalha, com movimentações de câmera muito rápidas e alucinantes. Aliado ao trabalho da edição, a direção transforma o filme em um dos melhores do gênero de guerra dos últimos tempos. No entanto, o filme não se destaca apenas pelas cenas violentas. Gibson consegue fazer um mix bem interessante entre ação e momentos sensíveis. Sim, apesar de ser um filme de guerra que se notabiliza pela ação, o longa conta com vários momentos tocantes, com belas metáforas visuais que passam toda carga uma carga dramática.

Apesar da história ser muito interessante, um dos pontos fracos do filme é justamente o roteiro, que falha em algumas situações de resolução de conflito. Não que essas falhas atrapalhem a experiência do expectador, mas soam um pouco forçadas e “hollywoodianas” demais em alguns momentos. Ainda que atrapalhem em algumas partes, os momentos hollywoodianos caem muito bem em outras. Como por exemplo no uso da trilha sonora épica e heroica das cenas de batalha e salvamento, que apesar de soar um pouco cliché se encaixam bem no contexto do filme.

Quanto as atuações, todo o elenco está muito bem, tanto o protagonista quanto os coadjuvantes. A começar pelo protagonista, Andrew Garfield mostra que a sua indicação ao Oscar é totalmente merecida. O ator que dividiu opiniões em O Espetacular Homem Aranha, mostra que começa a desabrochar como interprete dramático, não a toa pesos pesados de Hollywood o escalaram para os seus filmes, como o próprio Mel Gibson e como Scorsese que o escalou para o seu novo filme, Silence. No papel de Desmond Doss, Garfield consegue passar muito bem o ar interiorano e inocente do personagem. Sua expressão facial muda completamente para dar vida ao soldado, a “boca murcha” que ele faz lembra muito a do verdadeiro Doss (No final do filme é mostrado um depoimento do Doss real, e aí podemos ver a semelhança da expressão).

Quanto a atuação do resto do elenco, todos suportam muito bem o protagonista. Dentre os coadjuvantes, Vince Vaughn, é sem dúvida o destaque. No papel do comandante de Doss, o ator é o grande alívio cômico do filme, na pele de um militar linha dura que humilha os
seus subordinados durante o treinamento (lembra muito o comandante das cenas inicias de Nascido para Matar, só que que um uma dose de humor maior). Uma indicação ao Oscar de Melhor Ator Coadjuvante não seria um exagero.

Quanto ao restante dos coadjuvantes. Teresa Palmer, Luke Bracey e Hugo Weaving são outros com destaque pelas suas atuações, como respectivamente a namorada, o amigo e o pai de Doss. Todos têm uma atuação muito sólida e convincente.

Concluindo, Até o Último Homem é um filme destinado aos fãs de um bom filme de guerra, com boas cenas de ação, mas que não abrem mão de uma boa dose dramática. Todas as indicações ao Oscar são absolutamente merecidas, apesar do filme correr por fora na disputa pelas estatuetas.

NOTA:  8,85



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