Dirigido por Kenneth Lonergan e estrelado por Casey Affleck
(irmão de Bem Affleck), Manchester a beira mar desponta como um dos grandes
filmes do Oscar 2017, tendo recebido 6 indicações ao prêmio da Academia nas categorias
de Melhor Filme, Melhor Diretor, Melhor Ator, e Melhor Ator e Atriz
Coadjuvante.
O longa conta a história de Lee Chandler um homem
amargurado, que vive longe da sua família e cidade natal após ter cometido um
terrível erro no passado. Tudo muda quando o irmão de Lee, Joe Chandler (Kyle
Chandler), morre e o protagonista se vê forçado a voltar para sua cidade para
cuidar do funeral do irmão ao mesmo tempo em que terá que cuidar do seu
sobrinho Patrick (Lucas Hedges).
Apesar da história em si não ser espetacular, o grande
mérito do roteiro está na construção do protagonista. O personagem é o motor da
história, ele que dá vida e sustenta toda a narrativa. O roteiro vai revelando
aos poucos a razão da tristeza de Lee, e o uso inteligente dos flashes back
ajudam bastante a fazer essas revelações. O recurso narrativo aparece apenas em
momentos oportunos, mostrando gradativamente cenas do passado que se relacionam
com o presente do protagonista.
No entanto, o roteiro é bastante afetado pelas mudanças de
tom da história. O filme que se propõe a ser um filme triste sobre
arrependimento, amargura e perda, acaba se perdendo quando tenta inserir
alívios cômicos. O problema no caso é que existem muitas “piadinhas” e cenas
que pretendem ser engraçadas para aliviar a tensão da história. Mas que na
verdade acabam “quebrando” a atmosfera melancólica do filme. Manchester a beira
mar tem excessivos momentos de humor para um longa do gênero de drama,
ocasionando um contraste de tom que não cai bem.
Quanto a direção, a mesma é discreta e não se faz notar,
talvez para dar um ar ainda mais realista ao filme, o que acaba funcionando bem.
Apesar de não possuir a assinatura do diretor, a direção é extremamente
competente em contar a história, ela trabalha quase que exclusivamente para
contar bem a história, e consegue fazer muito bem.
Se na direção Manchester a beira mar é discreto, o mesmo
não pode se dizer da fotografia. Esta sim possui uma característica bem
marcante, o uso de cores frias que ajudam muito bem a transmitir a melancolia do protagonista.
Podemos dizer que além de belíssima a fotografia do filme também conta a
história.
Quanto as atuações, o elenco inteiro está muito bem. A começar
pelo protagonista vivido por Casey Affleck, que apresenta uma performance muito
impactante. O papel de Lee Chandler se encaixa perfeitamente para o ator. A
falta de expressão de Affleck casa muito bem com a personalidade do
protagonista, que é um homem melancólico e introspectivo, e por isso costuma
segurar as emoções. Devido as dores do seu passado traumático, Lee se tornou
uma pessoa totalmente destruída por dentro, e o ator consegue passar de forma
muito convincente esses sentimentos. Merecida indicação ao Oscar!
Sobre o restante do elenco, o destaque fica com Michelle
Willians no papel de Randi, a ex mulher de Lee. Apesar de ter pouco tempo de
cena, atriz impressiona nos poucos momentos em que aparece. A atriz consegue transmitir
muito bem toda a dor da personagem, principalmente nas cenas em que reencontra
o ex marido. Indicação mais do que merecida!
Ainda sobre as atuações, Lucas Hedge no papel de Patrick, o
sobrinho de Lee, tem uma atuação muito consistente e convincente, porém não ao
ponto de merecer ser indicado ao Oscar. O ator não entrega nada fora do comum,
apenas o suficiente para uma boa atuação, nada mais do que isso.
Resumindo, Manchester a beira mar é um filme triste e
melancólico, com uma visão bem realista de temas como o perdão, arrependimento
e a dor da perda. Apesar de ser atrapalhado em alguns momentos pelo excesso de
humor, o longa é destinado a todos aqueles que gostam de um drama forte e extremamente
humano. As impactantes atuações aliadas ao sensível trabalho de direção e
fotografia transformam merecidamente o filme em um dos grandes favoritos ao
Oscar, ainda que corra por fora.
NOTA:
8,9
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