O processo de dar notas a filmes pode ser muitas vezes
puramente subjetivo. Ou seja, unicamente baseado numa percepção de quem está
dando a nota. Por exemplo: Se eu adorei um filme a nota será entre 9 e10, se
achei bom entre 7 e 8, se achei razoável entre 5 e 6, e se julguei ser ruim, a
nota será menor ou igual a 4.
O problema desse sistema de notas mais subjetivo é que na
maioria das vezes ele se baseia apenas no quanto a pessoa gostou ou não do
filme. E convenhamos que uma nota baseada apenas no gosto pessoal pode
distorcer drasticamente. Dependendo muito dos gostos pessoais do avaliador. Por
exemplo: se uma pessoa que não gosta de
filmes de super-heróis está avaliando um filme do gênero, provavelmente ela
dará uma nota baixa ao longa, mesmo que se trate de um bom filme.
Trocando em miúdos, o grande problema desse tipo de
avaliação é que a mesma é muito simplista, leva em conta apenas 1 dentre uma
série de critérios para dar nota a uma produção cinematográfica. Mesmo se o filme não me entreter de forma satisfatória,
ele pode ter uma série de outras qualidades que eu devo levar consideração no
momento de avalia-lo.
Existem vários fatores que fazem um filme bom ou ruim. E
mesmo em filmes ruins é possível enxergar qualidades, assim como se pode notar
defeitos em filmes bons. Mas afinal de contas, quais seriam esses fatores?
São todos os elementos que quando juntos compõe uma obra
cinematográfica. Roteiro, direção, fotografia, edição, montagem, trilha sonora
e atuações. É claro que existem outros diversos aspectos da produção de um filme,
como direção de arte, maquiagem, edição e design de som, continuidade e etc. Porém,
eu opto por levar em conta nas minhas avaliações apenas aqueles que eu tenho um
maior entendimento.
Portanto, eu avalio primeiro cada elemento separadamente e
depois componho a nota final com a soma de todos eles. Cada fator tem um peso,
conforme a sua importância segundo a minha visão
Seguem abaixo os elementos avaliados e o que eu levo
consideração no momento de avalia-los:
Roteiro:
Um bom roteiro deve desenvolver de forma eficaz a narrativa
e os personagens, além de ter diálogos interessantes. A narrativa não precisa
obrigatoriamente ser tão inventiva, se conseguir contar a história de forma
competente já está valendo. Porém, uma história original e que tenha pontos de
virada que surpreendam o expectador são um bônus. É isso que diferencia um
roteiro bom de um excelente.
Não nos esqueçamos também dos diálogos e dos personagens,
que quanto mais realistas forem melhor. Mesmo se os personagens forem seres fantasiosos
como ETs e monstros, elementos humanos e camadas de personalidade enriquecem o
personagem, e facilitam a identificação com o público. Além disso, eles devem
ter uma serventia para o desenvolvimento da narrativa. As ações de todos
presentes no filme devem influenciar a trama de alguma forma, caso contrário
eles são inúteis dramaturgicamente falando.
Quanto aos diálogos, vale o mesmo falado para os personagens.
Quanto mais crível melhor. Diálogos bons não soam artificiais, eles devem
parecer com algo que é falado na vida real. O ritmo e profundidade dos mesmos
também é muito importante. Diálogos que falam nas entrelinhas são um ponto fortíssimo; jogos
de palavras, metáforas e sugestões são ótimas formas de dizer algo além do que
está sendo falado literalmente. E por fim, os diálogos não podem ser
redundantes em relação ao que está sendo mostrado nas imagens. Quando um personagem
fala ou pensa: “estou muito triste,” ao
mesmo tempo em que a câmera mostra ele chorando, então esta cena está sendo
redundante. Um bom roteiro presume a inteligência do expectador, e prefere
deixar as coisas subtendidas em detrimento de explicar tudo mastigado.
Direção:
O diretor é o maestro de um filme, ele que escolhe como
filmar o roteiro, o que mostrar e como mostrar. Uma boa direção trabalha em
prol do desenvolvimento da história, mas também se preocupa com a qualidade
imagética do que está em tela.
Mas o que torna uma direção excelente é o aspecto autoral
do cineasta, a sua marca registrada, sua assinatura. Todos os grandes diretores
da história do cinema possuem um jeito peculiar de filmar que os diferencia de
um diretor comum. Tarantino adora usar violência exagerada, contra plongés e diálogos
cotidianos e engraçados. Enquanto que Kubrick prezava pela perfeição simétrica de
seus enquadramentos, além de exigir o máximo dos seus atores.
Outro fator que contribui para uma direção de destaque, são
as metáforas e rimas visuais, que quando utilizadas de forma inteligente tornam
um filme ainda mais interessante
Fotografia:
Além de esteticamente bela uma boa fotografia também deve
ter um propósito narrativo. Não adianta nada o filme mostrar lindas paisagens e
cores se as mesmas não conversam com o roteiro e a direção. A paleta de cores e
a iluminação utilizadas devem ajudar a contar a história, seja de forma
objetiva ou simbólica. Por exemplo: um filme pode utilizar de uma iluminação
baixa para contar uma história que se passe predominantemente a noite, e reforçar
os tons pretos das roupas e cabelos dos personagens para sugerir um clima dark.
Trilha
Sonora/ Sonoridade:
Podem existir filmes com pouca ou nenhuma trilha sonora,
mas não existe filme sem som ou silêncio. Por isso a opção de avaliar esses 2
componentes de forma agrupada.
Uma boa trilha sonora deve conter músicas que se encaixem
com o que está sendo mostrado em cena. Deve complementar o que está na imagem,
sem ser redundante, assim como foi falado no caso dos diálogos. Uma boa trilha
é orgânica, não soa forçada e ainda por cima contribui narrativamente. Agora,
uma ótima trilha faz tudo isso, e ainda por cima é marcante, tem canções
impactantes e que ficam na memória do expectador.
No caso da sonoridade, o uso apropriado e realista de sons
conferem um maior realismo a cena, além de poderem ser utilizados com um
significado simbólico. Outro fator a ser levado em consideração é o uso do
silêncio. Saber dosar a ausência de som proporciona uma maior dramaticidade,
tensão ou suspense da cena. Mas antes de tudo é preciso de muita sensibilidade
para saber o momento de usar ou não esse recurso.
Edição/Montagem:
Avalio esses dois fatores em comum pois os mesmos estão
muito ligados um ao outro. Enquanto que a edição cuida dos cortes, a montagem
se encarrega de “montar o quebra-cabeça”, ou seja dispor as cenas em uma sequência
que seja mais apropriada.
Uma edição e montagem ruins podem acabar com um filme que
tinha tudo para ser bom. As duas tem influência direta no ritmo de um longa-metragem,
e até na percepção do expectador, vide o famoso Efeito Kuleshov :
Além disso, a montagem pode ser utilizada de diversas
maneiras afim de enganar ou sugestionar o expectador. Podendo inclusive ser
usada para conferir simbolismo e relação de causa e efeito através de transições
de cenas e sequências que impliquem em alguma lógica.
Efeitos
Visuais:
Esse item é avaliado apenas em filmes que utilizam esse
recurso, e que a sua qualidade dependa diretamente do quão bom são os efeitos. Como
por exemplo em filme de super-heróis e ficção científica.
Em tempos de Computação gráfica sendo usada a exaustão em
Hollywood, qualquer artificialidade percebida pela audiência se torna um problema
para o filme. Um bom efeito visual deve parecer real, isso facilita a imersão
de quem assiste ao filme.
Mas o que faz um efeito visual excelente é o seu impacto
visual. Algo que impressione o expectador, seja pela sua grandiosidade, seja
pelo seu ineditismo confere um ar diferente a produção.
Atuações:
Uma boa atuação expressa antes de tudo verdade no que está
sendo dito, não imprimi artificialidade e ao mesmo tempo cativa a audiência.
Conseguir transmitir sentimentos é muito importante, seja através da fala, ou então
da expressão facial e corporal.
O que diferencia uma boa de uma grande interpretação, e a
capacidade de emocionar que o ator/atriz passa em frente as câmeras, e muito disso
vem do realismo com que atua.
Há ainda mais 3 critérios de avaliação que não são técnicos,
mas são vitais no momento de se dar nota a um filme. São eles:
Atendimento
as Expectativas:
Muito da qualidade percebida de um filme vem das expectativas
criadas ao redor dele. Um filme que cria muito alarde nos trailers e na
divulgação de marketing, terá muitas dificuldades de pelo menos igualar as
expectativas criadas. Por outro lado, um filme de baixo orçamento não criará
altas expectativas, e portanto, terá uma maior chance de atingi-las.
Outro fator determinante no atendimento as expectativas diz
respeito a maneira como o filme foi vendido nos trailers e nos materiais
promocionais. Se o filme é sugerido como um terror na divulgação mas na verdade
se mostra um drama, então esse filme não cumpriu as suas expectativas.
Além disso, é importante levar em conta que as expectativas
de uma produção cinematográfica dependem diretamente do seu gênero e público
alvo. A expectativa de um filme infantil, é que divirta, e no máximo ensine
alguma lição de moral para as crianças. Diferente de um filme “cabeça”, em que
se espera alguma reflexão mais profunda
Valor
de Entretenimento:
Diz respeito a capacidade que o filme tem de entreter o
público. Filmes divertidos e leves, como aventura e comédias de qualidade,
levam vantagem nesse quesito. Mas longas que prendem a atenção do expectador
também entretém.
Por outro lado, filmes com um ritmo mais lento, além de
longas com cenas perturbadoras tendem a causar desconforto no expectador, seja
ele através do cansaço, nojo ou medo.
Valor Intelectual:
Se refere a profundidade intelectual do filme. O quanto ele
faz o expectador refletir, e o quanto trata de forma competente e inteligente
de temas filosóficos, de crítica social, ou psicológicos.
Porém, de nada adianta encher de temas profundos se os
mesmos não têm coesão com a história. Tudo deve estar conectado, e atendendo a
uma sequência válida de argumentos de forma a fazer o expectador refletir.
Um filme com o valor intelectual alto, é aquele que você se
pega pensando e refletindo sobre o que viu mesmo após algumas horas ou até
mesmo dias depois de o assistir.
Fórmula
de cálculo da nota:
Por fim, a nota final do filme é calculada através da
seguinte fórmula abaixo
NOTA DO FILME = (Nota
Roteiro x 1) + (Nota Direção x 1) + (Nota Atuações x 1) + (Nota Edição e
Montagem x 1) +(Nota Fotografia x 0,6) + (Nota Trilha Sonora ou sonoridade x 0,6) + (Nota Atendimento as Expectativas x
1,6) + (Nota Valor de Entretenimento x 1,6) + (Nota Valor Intelectual x 1,6)
Caso o filme tenha efeitos visuais, então esse elemento é
levado em consideração na avalição, tendo peso = 0,5. Para compor esse peso são
descontados 0,1 dos pesos da Fotografia, Trilha Sonora/Sonoridade, Atendimento
as Expectativas e Valor de Entretenimento e Intelectual
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