Skins é uma série escrita por Bryan Elsley e James Britain,
e conta a história de uma turma de adolescentes britânicos durante os últimos
anos do colegial. A série foi exibida entre 2007 e 2013, e teve 7 temporadas. A
cada 2 temporadas há um grupo de garotos/as diferentes, sendo que o programa
teve ao todo 3 diferentes elencos, além de uma última temporada que conta a
história de alguns personagens antigos já mais velhos.
À primeira vista pode até parecer uma espécie de “malhação
britânica”, mas a série inglesa vai muito além da superficialidade da produção
brasileira, abordando temas complexos e polêmicos como: uso de drogas, sexo,
violência, morte, problemas familiares, transtornos mentais, homossexualismo e
androginia. Skins trabalha todos esses temas pesados muito bem, com um nível
incrível de realismo de uma forma extremamente impactante.
O roteiro é muito
bom e consegue se aprofundar em todos os personagens da série. Isso porque cada
episódio tem foco em um determinado personagem. Assim ficamos conhecendo melhor
sobre as motivações de cada um e consequentemente é criada uma empatia com o
expectador. Sendo que um personagem que à primeira vista é cruel ou antipático,
se torna mais compreendido e até amado pela audiência na medida em que é
desenvolvido em seus capítulos próprios. Essa sacada dos roteiristas é muito
boa, pois torna a trama e os personagens muito verossímeis, uma vez que na vida
real a sua percepção sobre qualquer pessoa varia muito de acordo com o nível de
intimidade que você tem com ela.
É também interessante como Skins desconstrói uma série de estereótipos
de adolescentes, como: o cara popular, a patricinha, o nerd, o bad boy, a
esquisita, o gay/lésbica. Com o desenrolar da trama a série vai se aprofundando
cada vez mais nos personagens, e o cara que parecia ser apenas um bad boy se
mostra um grande amigo, com conflitos internos e sentimentos reprimidos, em
outras palavras, uma pessoa de verdade com fraquezas e qualidades. As atuações
são muito boas e ajudam ainda mais a criar uma identificação com os personagens.
Os atores têm interpretações muito próximas de como é na realidade o
comportamento de um adolescente de classe média.
Vale ressaltar alguns personagens de destaque na série.
Como por exemplo o delinquente Cook, que tem duas faces muito distintas, sendo
que o personagem alterna muito entre momentos de extrema raiva e violência, ao
mesmo tempo em que possui um lado mais brincalhão e amigo. Outro personagem
muito dualista é Tony, um garoto popular adorado pelos amigos, pelas garotas e
professores, mas que esconde uma certa insatisfação com esse mundo perfeito.
Falando sobre as personagens femininas, Effy e Franky são na minha opinião os
destaques da série. Ambas sofrem de sérios conflitos internos, enquanto Effy
apesar de ser bonita e popular tem problemas para expressar os seus sentimentos
e possui dificuldade de se relacionar com as pessoas, Franky gosta de se vestir
como homem e é muito introspectiva devido ao bullying que sofre na escola.
Resumindo, Skins é uma série muito bem escrita, com
personagens interessantíssimos e grandes atuações. O programa tem um grande nível
de realismo ao abordar o cotidiano dos adolescentes, e por conta disso possui
uma história muito pesada, o que pode ser um problema para que tem o “estômago
fraco” e se impressiona facilmente. No entanto, se você gosta dessa abordagem
mais densa e profunda Skins é sem dúvida uma excelente pedida.
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