segunda-feira, 20 de novembro de 2017

Borg vs Mcenroe       


    



Filmes que contam a história de um grande esportista sempre chamam a atenção do público. Descobrir o caminho que levou uma grande estrela ao status de campeão é muito interessante. No entanto, esse tipo de história pode se tornar ainda mais interessante quando se fala de dois grandes esportistas, e em especial de uma grande rivalidade. E é por esse caminho que o diretor Janus Metz Pedersen nos leva em Borg vs Mcenroe. Um filme sobre o embate de duas grandes lendas do tênis, dois tenistas completamente distintos, seja na personalidade seja no estilo de jogo. Enquanto que o sueco Borg é um sujeito frio e que prefere jogar no fundo da quadra, o americano Mcenroe é totalmente descontrolado emocionalmente e prefere jogar perto da rede.

No entanto, o que o grande público não sabia é que apesar de aparentarem ser extremamente opostos, eles tinham muito em comum um com o outro. Borg escondia um lado destemperado e briguento, e Mcenroe uma faceta mais tímida e insegura. O interessante do longa é ver como cada jogador tenta reprimir as suas fraquezas para melhorar o seu jogo dentro de quadra.

O roteiro é bom, consegue desenvolver os dois protagonistas e mostrar as características que ambos têm em comum mas que quase ninguém conhecia, através de flashbacks muito bem inseridos, e momentos íntimos fora das quadras que conseguem mostrar a essência de cada tenista. Mas muito do êxito do filme reside nas belas atuações de Shia Lebouf como John Mcenroe e Sverrir Gudnason como Bjorn Borg.  Ambos conseguem passar muito bem as características marcantes dos seus personagens, a frieza de Borg e o descontrole emocional de Mcenroe. Mas mesmo quando aparecem do jeito que o grande público os conhecia, os atores conseguem colocar pitadas dos lados secretos de seus personagens. Mesmo quando Borg aparenta ser uma pessoa fria, Gudnason imprimi certo grau de raiva e descontrole nas feições e na fala do personagem. E o mesmo vale para Lebouf que transmite muito bem todo o ar de insegurança e medo de Mcenroe encoberto pela sua fúria nas quadras.

O longa foca essencialmente nos protagonistas, não dando praticamente nenhuma chance para o elenco de apoio brilhar. Os que mais aparecem são Stellan Skarsgard (Ninfomaniaca) no papel do treinador de Borg e Tuta Novotny como namorada do tenista sueco. Ambos cumprem muito bem o que o roteiro lhes pede, ser um suporte para Borg. Apesar de nenhum deles ter um arco próprio, ambos os atores passam muito bem todo o drama que era estar ao lado de Borg naquele momento de tensão e pressão. Skarsgard transmite muito bem o carinho e o caráter paternal e por vezes duro da figura do treinador, enquanto que Novotny transparece a dor da namorada que sofre por não conseguir ajudar o tenista a ficar menos tenso.

Quanto a direção, a mesma não chega a brilhar, porém é muito competente para fazer algo que poucos filmes de esporte conseguem, filmar com realismo cenas da ação de uma partida. As cenas de tênis são muito bem orquestradas, com um bom repertório de planos e movimentos de câmera, que não são nenhum pouco repetitivos, muito pelo contrário, são bem inventivos e conseguem colocar o expectador dentro da quadra.

Sobre os outros aspectos técnicos, a fotografia é muito bem trabalhada com cores e iluminação que evocam a época que os fatos contados no filme se passaram. E a trilha
sonora é bem discreta, porém é bem executada, em especial na cena da partida entre Borg e Mcenroe, que contribui bem para aumentar a tensão do jogo e dar status de épica a grande final.



O único ponto parcialmente negativo do filme é a montagem, que é muito apressada no começo. Pulando alguns passos da história de forma abrupta e acelerada, e causando um certo desconforto inicial. No entanto, a montagem e edição vão ficando mais precisos no decorrer do longa, fazendo o público conhecer os personagens pouco a pouco e entendendo tudo que está em jogo na grande partida entre eles. Culminando com um ato final muito empolgante e envolvente, que é sem dúvidas o ponto alto do filme. Muito por conta da montagem ágil aliada a grande direção das cenas de jogo.

Concluindo, Borg vs Mcenroe é um filme que com certeza irá agradar aos fãs de esportes, principalmente aos admiradores do tênis. Possui cenas de jogo muito bem filmadas e montadas que empolgam e fazem o expectador literalmente entrar em quadra. Mas o longa não fica só na superfície da disputa esportiva, pelo contrário aborda muito bem temas como competitividade, mundo da fama, e a necessidade de se transformar em algo que você não é na sua essência para alcançar o sucesso e manter as aparências. Esse na verdade é o cerne da história que tem o tênis como pano de fundo. Por esse motivo o filme também agradará quem não se interessa tanto pelo esporte, mas que se interessa sobre esses temas mais profundos.



NOTA: 8,35


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