quarta-feira, 23 de março de 2016

Drive




Drive conta a história de um piloto de fuga, interpretado por Ryan Gosling, que também trabalha como dublê de batidas de carro em filmes de ação. Sua vida solitária muda drasticamente quando ele conhece a jovem Irene e tem de proteger a família dela com os seus “talentos” de motorista e assassino. A primeira vista pode parecer uma trama simples, mas a atuação introspectiva e impactante de Gosling somada a brilhante direção (vencedora do prêmio de Cannes), fotografia e trilha sonora dão um toque mágico ao filme.

Ryan Gosling tem uma atuação perfeita dentro do que é esperado do seu papel. Consegue mesmo com pouquíssimas falas expressar toda a dramaticidade do personagem. Sendo que a proposital falta de expressão do protagonista dá todo um suspense e mistério ao personagem, que prendem o expectador do começo ao fim.

 O curioso é que o nome do protagonista não é citado em nenhum momento no filme, e as poucas vezes em que alguém se refere a ele chamam-no por “garoto” ou “piloto”. E isso faz todo o sentido para a ideia que o diretor quer passar. O personagem principal não tem nome porque a primeira vista não possui humanidade, é semelhante a uma máquina, preciso e frio. Por isso o filme se chama “Drive”. A história é sobre um homem que dirige como se o carro fosse uma extensão do seu próprio corpo, reforçando a desumanização do mesmo, que através da atuação contida de Gosling aparenta ser mais um robô do que um ser humano.

No entanto, quando conhece Irene e o filho dela, Benício, o lado humano do protagonista começa a aflorar. A maioria das poucas falas do piloto no filme é quando ele está com a garota e a criança. A cena dele levando mãe e filho para passear de carro diz muito sobre a humanização do protagonista. Nesta cena, a fotografia e trilha sonora têm papeis vitais para mostrar o que o diretor deseja. As belas imagens abertas do carro sozinho na estrada e depois o colorido da área verde que o piloto leva Irene e o filho mostram bem esse lado humano. Complementando a fotografia, a trilha sonora diz verbalmente o que está acontecendo. A música Real Hero diz no refrão que o personagem na verdade é um “Real humam being”.

 Ainda sobre a trilha sonora, ela parece a todo o momento praticamente contar o tema de cada cena. Como na cena inicial em que toca a canção “Nightcall”, e o protagonista é mostrado como uma máquina e parece não se importar com os outros seres humanos. O seguinte trecho da canção se encaixa perfeitamente com a cena e dá o tom do filme: “There's something inside you. It's hard to explain. They’re talking about you boy. But you're still the same.”

Outra caraterística marcante do filme são os contrastes. Tensão/ação, amor/violência, razão/emoção. Essa dualidade está presente simbolicamente na jaqueta com o desenho de um escorpião que o protagonista usa a maior parte da história.  A jaqueta é branca, simbolizando a pureza e a inocência, no entanto o escorpião é um animal que apesar de discreto é extremamente letal.

Ainda sobre essa dualidade, o filme alterna momentos de suspense com uma violência quase que “tarantinesca”. A cena que melhor exprime isso é a do elevador. Basicamente a história e o próprio personagem são sintetizados nessa única e marcante cena.

Por fim, Drive é um filme que merece ser visto e contemplado. A brilhante estética fotográfica associada à trilha sonora impactante diferencia Drive de boa parte dos filmes de hoje. A grande atuação de Ryan Gosling, uma das melhores de sua carreira, traz todo um suspense e drama. Resumindo, é só questão de tempo para que essa obra se torne um cult do cinema.


 Confira abaixo o trailer:

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