Um Réquiem (do latim requiem,
"descanso") ou Missa de Réquiem, também conhecida como "Missa para os
mortos", é uma Missa da Igreja Católica oferecida para o repouso da alma de uma ou mais
pessoas falecidas. É frequentemente,
mas não necessariamente, celebrada no contexto de um funeral. Ou seja, um réquiem
nada mais é que uma música tocada usualmente nos funerais para se despedir dos
mortos. No caso do titulo do filme, o réquiem se despede lentamente, agonizantemente
e cruelmente dos personagens.
A história trata basicamente dos efeitos que as drogas causam nos 4
personagens principais, Sara (Ellen Burstyn), Harry (Jared Leto), Marion (Jennifer Connelly) e Tyrone (Marlon Wayans).
Que estão afundados em profundas
angustias pessoais e buscam durante o filme um meio de se livrar delas.
Harry é um garoto sem rumo, que perdeu o pai cedo e tem problemas com a
mãe. Para escapar da realidade ele busca nas drogas pesadas um meio de ser
feliz. Os entorpecentes sintéticos aliados ao entorpecente orgânico da paixão
que sente pela sua namorada Marion são as únicas coisas que aliviam as suas
dores (Sim, a paixão também age como um entorpecente natural, faz nos viciarmos
em estar com a pessoa amada). No caso do personagem de Harry e da sua namorada
o vício nas drogas é o mais acentuado no filme e o que acaba levando ambos à
ruína. Mas o “vício” da paixão também está presente, serve como um auxiliar às
drogas para que o casal se sinta feliz. As únicas vezes que o personagem de
Harry aparece feliz além das drogas são nas cenas de amor com Marion. Mesmo
quando ele está entusiasmado com a ideia de prosperar com o negócio de venda de
drogas e ficar rico, o que realmente o deixa feliz é a possibilidade de
construir uma vida ao lado da sua namorada. Utilizando o dinheiro do tráfico
para abrir uma loja de roupas em sociedade com ela.
Já a sua namorada Marion também busca escapar da realidade de problemas
com os pais ricos que não a oferecem amor, mas somente dinheiro. A personagem
se apaixona por Harry por se identificar com o mesmo, os dois tem problemas
familiares e buscam nas drogas um meio de felicidade.
O amigo de Harry, Tyrone, também procura nos entorpecentes sintéticos um
meio de escapar da realidade e também pela esperança de ser bem sucedido como traficante.
O personagem lembra a todo o momento da promessa que fez a sua mãe de que se
daria bem na vida, e quando se vê em meio ao vício nas drogas enxerga nas
mesmas uma oportunidade de uma vida melhor através do tráfico.
A mãe de Harry é a personagem do filme que destoa dos demais. Mãe, dona
de casa e com uma vida aparentemente tranquila, ela não busca nas drogas um
meio de se livrar da realidade que a atormenta. Apesar de se diferenciar no que
tange ao uso de entorpecentes sintéticos ela não destoa na questão de também
viver uma dura realidade e que querer escapar da mesma. No entanto, o seu vício
é outro, a senhora procura na televisão em especial em um programa de auditório
um meio de esquecer o marido falecido, o filho viciado e o que uns quilinhos a
mais e a velhice fizeram com o seu corpo. É um caso de angustia e vício muito
mais comum que o uso de drogas, e que por não ser algo chocante como se drogar
acaba passando despercebido e vai consumindo a pessoa aos poucos.
O filme trata, portanto, da busca frenética e incessante de se livrar dos
fantasmas que atormentam os personagens, da busca de uma felicidade artificial,
de um sonho distante que não se realizará através desses meios. O Réquiem,
portanto é um angustiante acorde que anuncia a eminente despedida da felicidade
passageira dos personagens e do consequente funeral dos seus sonhos.
Se não bastasse o drama dos protagonistas, o diretor ,Darren Aranofsky,
faz o telespectador sentir na pele a dor dos mesmos. Através da constante
repetição do réquiem, dos rápidos cortes de cena e dos closes repentinos dos
comprimidos e dos outros objetos de vício, a TV, a seringa e os efeitos da droga
dentro do corpo. Todos esses elementos vão transportando lentamente o
espectador da descontração do começo do filme até a agonia do final dramático.
Assim como os
personagens, o espectador começa com a ilusão de felicidade e
acaba mergulhado no profundo desespero dos mesmos.
Portanto, esse é um dos raros filmes que conseguem fazer com que as pessoas
entrem em imersão total na história, sentindo o que Harry, sua mãe, sua namorada
e seu amigo sentem. No fim da história os sentimentos do telespectador se confundem
com o dos personagens. Afinal, todos nós temos em maior ou menor grau uma
realidade que nos atormenta e buscamos um certo tipo de vício para nos
entorpecemos. Réquiem para um Sonho é mais do que um simples filme, é uma
experiência sensorial.
Confira abaixo o trailer do filme:
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