quarta-feira, 16 de março de 2016

Filme x Livro: Dexter



Primeiramente é bom dizer que a ideia dos artigos “Filme x Livro” não é dizer qual dos dois é melhor, até porque são mídias totalmente diferentes. Mas sim mostrar quais são as principais diferenças entre um e outro e também quais são os pontos positivos e negativos de cada um. Dito isto, vamos ao artigo!

Escrito por Jeff Lindsay, o primeiro livro de Dexter, Darkly Dreaming Dexter, foi lançado em 2004 nos EUA.  O sucesso foi tão grande que logo no ano seguinte foi lançado o segundo volume, Dearly Devoted Dexter. O sucesso dos livros motivou o canal americano Showtime a produzir em 2006 a série de TV.

A primeira temporada da série foi bem fiel ao livro, contando inclusive com passagens quase que idênticas. As únicas diferenças são alguns personagens que morrem no livro e não na série e vice e versa. Tirando isso a série foi extremamente fiel ao material original.
É a partir da 2° temporada do programa de TV que livro e série começam a tomar caminhos distintos. Se a 1° temporada foi praticamente idêntica à obra literária, a 2° apresentou uma história totalmente diferente do 2° livro, tendo como única semelhança à caçada de Doakes ao protagonista. Porém o desfecho da história e a trama foram bem distintos.

Os livros e temporadas seguintes seguiram rumos totalmente diferentes, seja em relação à história em si, seja em relação ao desenvolvimento dos personagens. Este último item é uma diferença bem acentuada. Nos livros devido à história ser contada em 1° pessoa o foco é quase que total no protagonista Dexter, praticamente deixando de lado os personagens secundários. Não existem histórias isoladas dos coadjuvantes como na série. O personagem Angel Batista que é bem importante no seriado é quase que um figurante nos livros. Masuka que é um grande alívio cômico na série e teve até um foco maior em algumas temporadas só aparece nos livros para fazer algumas piadinhas esporádicas. Enquanto que na série os personagens secundários são muito mais aprofundados e tem uma importância maior no desenrolar da trama.

No entanto, o fato do autor quase que deixar de lado os coadjuvantes nos livros faz com que o foco em Dexter seja muito maior que na série. Por isso muitos fãs, incluindo eu, acham que o Dexter da literatura é mais interessante que o da TV. Nos livros você sempre sabe o que está se passando pela cabeça do personagem, devido à narração em 1° pessoa. Dexter sempre está em contato com o seu “Passageiro das Trevas”, que infelizmente foi deixado de lado na série ao longo das temporadas. Outra diferença é que o Dexter dos livros é muito mais obscuro que o da TV, que vai se tornando mais humano no decorrer da série. O protagonista nos livros se torna um pouco mais sensível com o tempo, porém não chega propriamente a sentir um afeto pelos outros (tem certo carinho pela família, mas nada como na série), muito menos se apaixona como o Dexter da série.

Porém, como dito anteriormente, esse foco que enriquece o personagem nos livros, atrapalha o desenvolvimento dos outros personagens, inclusive dos vilões. Esse é um ponto que em minha opinião a série é melhor que os livros. Os vilões da TV são bem mais interessantes. Na obra literária os vilões não são muito trabalhados, além de não serem muito interessantes, salvo algumas exceções. As motivações dos antagonistas na série são muito mais desenvolvidas e criativas, a história do personagem Trinity, por exemplo, é sensacional, tornando a 4° temporada uma das melhores de toda a série.

Apesar de trabalhar melhor os coadjuvantes e vilões, a série cometeu em minha opinião o grande pecado de ter matado precocemente um dos melhores personagens, o irmão de Dexter, Brian Moser. Se na série Brian foi apenas o vilão da 1° temporada, nos livros ele desempenha papel importante ao longo da saga. Voltando no 5° livro e ajudando bastante Dexter, seja nas suas empreitadas assassinas, seja na busca pelo seu autoconhecimento.

Mas não é só Brian que é mal aproveitado na série, os filhos de Rita, Astor e Cody, tem um papel muito pequeno na TV. Apesar de a série desenvolver muito mais os personagens coadjuvantes e vilões, ela peca quanto à participação das duas crianças, que é muito mais interessante nos livros. Diferente da série em que Astor e Cody são crianças normais, nos livros os dois são pequenos psicopatas, com potencial para serem serial killers do calibre de Dexter. Desde o início Dexter percebe os “Passageiros das Trevas” das crianças, e fica no dilema entre incentivá-los a seguir o seu caminho ou tentar conserta-los. Definitivamente a relação entre Dexter e seus enteados é um dos pontos altos dos livros.

Por fim, outra diferença importante entre livro e série é a questão dos personagens que existem somente em uma das duas mídias. Como falado anteriormente, com exceção da primeira temporada da série, as histórias são bem diferentes, e devido a essa diferença foi inevitável que surgissem personagens distintos. Na série, por exemplo, devido à decisão dos roteiristas de contar mais a história dos coadjuvantes, existem mais personagens secundários do que nos livros. No entanto, existem personagens exclusivos dos livros.
Apesar das diferenças, alguns personagens diferentes cumprem o mesmo papel na história. Se na série o grande envolvimento amoroso de Debra é o policial Quinn, nos livros o “papel de companheiro” da irmã de Dexter fica com o também policial Chutsky. Outro caso semelhante é o filho de Dexter, que na série é um menino, Harry, e nos livros uma menina, Lilly Ann.


Concluindo, Dexter é uma grande obra de ficção, seja na TV, seja nos livros. Em alguns pontos a série supera o livro, como no desenvolvimento dos personagens secundários e vilões que enriquecem a trama como um todo. Porém os livros focam mais em Dexter e tornam o personagem mais interessante. No entanto, ambos conseguem te prender do começo ao fim e te transportam brilhantemente para o mundo sombrio e sanguinário do analista de borrifos de sangue mais amado da cultura pop.

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