Dirigido por Oliver Stone e estrelado por Woody
Harrelson, Juliette Lewis, Robert Downey Jr e Tommy Lee Jones, o filme conta a
história do casal de assassinos Mickey Knox (Harrelson) e Mallory Knox (Lewis).
Após cometerem uma série de assassinatos por todo o país, os matadores se
tornam verdadeiras celebridades do crime depois de ampla cobertura da mídia
sensacionalista.
Um fato interessante é que o roteiro do longa foi escrito
por Quentin Tarantino, que como de costume “caprichou” na violência, que é o
tema central da narrativa. Um olhar mais desatento pode classificar o filme
como apenas mais uma produção estadunidense violenta. Mas se analisado de
maneira mais crítica, percebe-se que Assassinos por Natureza é na verdade uma
bela crítica a banalização da violência. O longa usa muito da “violência
tarantinesca” para satirizar a normalidade que a mesma adquiriu nos dias de
hoje. Atualmente devido à grande exposição de conteúdo violento a que somos
expostos a violência não impacta tanto. Filmes, jogos de vídeo game, desenhos e
o noticiário policial transformaram o expectador mais tolerante a violência.
O filme brinca muito com essa glamourização da violência.
Seja através de cenas de assassinato exageradas com muito sangue, seja através
da glorificação que os protagonistas recebem pelos seus atos criminosos. Na
história, o casal Knox passa a receber grande cobertura da mídia policial que
acaba os alçando a categoria de celebridades. Assim como ocorreu na vida real
com Charles Manson e outros famosos serial killers americanos, que passaram a
ser venerados por uma legião de fãs.
Outra forma muito inteligente que o filme satiriza a
violência é através da mistura de linguagens audiovisuais. Existe uma grande
variação de estilos de filmagem, passando pelo documentarista, linguagem de
vídeo clipe, sitcom, desenho animado e jornalismo televisivo. Ao misturar todas
essas linguagens distintas, Assassinos por Natureza diz em forma metafórica que
a violência está em todos os meios audiovisuais, desde o desenho do Tom e Jerry
até o programa do Datena. E essa presença massiva da violência é explicada
segundo o filme por um simples motivo: O ser humano é naturalmente violento e
sente um certo prazer ao visualizar a agressividade. O próprio protagonista
Mickey Knox diz em uma cena que ele gosta de matar porque o homem é por
natureza assassino, sempre matamos uns aos outros ao longo da história da
humanidade, seja através de guerras ou por meros motivos banais. Então, pela
lógica do filme, se o homem não mata de fato, ele vai satisfazer seu instinto assassino
através de conteúdo violento.
Além da crítica inteligente, o filme conta com grandes
atuações. Wood Harrelson e Julliete Lewis estão muito bem como o casal
assassino. Eles fazem uma espécie de versão moderna de Bonnie e Clyde,
carismáticos ao extremo mesmo sendo criminosos. Harrelson, como de costume está
ótimo como o cara pirado e totalmente sem limites. Já Lewis, que já demostrara
grande talento ainda jovem em Cabo do Medo, mostra que definitivamente é uma
ótima atriz, com uma interpretação ao mesmo insana e carismática.
O restante do elenco também está excelente. Downey Jr
interpreta muito bem o jornalista sensacionalista, ao mesmo tempo cômico e
lunático. Tommy Lee Jones, apesar do pouco tempo de tela marca presença, dando
vida a um diretor de penitenciaria pirado. Outro que tem bastante destaque é
Tom Sizemore, que vive Jack Scagnetti, um detetive policial narcisista e de
métodos pouco ortodoxos, o ator passa muito bem todo o narcisismo e
agressividade do personagem.
Resumindo, Assassinos por natureza é um filme que têm
grande valor de entretenimento ao mesmo tempo em que faz uma crítica
inteligente. O longa tem personagens carismáticos e uma mistura de linguagens
visuais muito interessante. Se você gosta da violência dos filmes o Tarantino mas não abre mão de uma boa dose
de experimentalismo e crítica social, Assassino por natureza é uma boa pedida
.
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