Six Feet Under é uma série
criada por Alan Ball, e conta a história da família Fisher que possui uma
funerária. À primeira vista a trama pode até parecer bem simples, mas esse é
apenas o pano de fundo para uma história muito mais complexa, que envolve além
do tema central que é como as pessoas encaram a morte, outros temas como
homossexualismo, infidelidade, religião, depressão, família, entre outros. A
série teve uma boa recepção por parte da crítica e ao longo de suas cinco
temporadas recebeu vários prêmios, incluindo nove Emmys e três Globos de Ouro.
A história tem início quando
o pai, Nathaniel Fisher, morre em um acidente de carro e os Fishers se veem
sem o chefe de família e fundador da funerária. O filho mais velho de
Nathaniel, Nate, que tinha problemas com o pai e morava em outra cidade, volta para
casa depois de muitos anos para o funeral do pai. A volta para casa em uma
situação tão extrema faz Nate repensar a sua vida e resolver assumir o negócio
da família junto com o irmão David, um competente agente funerário e
homossexual reprimido, interpretado brilhantemente por Michael C. Hall, do
seriado Dexter. Além de ter que lidar com a administração da funerária, Nate
também tem de lidar com os outros membros de sua família, a sua mãe Ruth, uma
devotada mulher do lar frustrada com a sua vida, e sua irmã mais nova Claire,
uma garota sem muito rumo na vida que ele mal conhece. Há ainda outros
personagens muito interessantes na série, como a namorada problemática de Nate,
Brenda, e o seu irmão psicótico, Billy, além do carismático empregado da
família, Rico, e do namorado de David, Keith, um policial negro gay.
Cada episódio da série
sempre começa com uma morte e a posterior chegada do cadáver a funerária da
família. O interessante é que os irmãos Fisher sempre acabam se identificando
de alguma forma com os mortos, e essa relação entre vivos e mortos é muito bem
trabalhada no seriado. Há por exemplo, um episódio que a funerária recebe o
corpo de um gay que morreu espancado por um grupo de homofóbicos e David acaba
ficando com mais medo ainda de se assumir homossexual. Sempre há um paralelo
entre o morto do episódio e os personagens vivos.
Outro aspecto bem
interessante da série é que apesar de morto, o pai da família Fisher sempre
tem uma importante participação na série. Ele aparece para os membros da
família Fisher como uma espécie de manifestação do inconsciente deles,
conversando com eles sobre os seus conflitos internos e sobre as consequências
de sua morte. Os diálogos entre os membros da família e o Sr. Fisher são muito
bons, e revelam muito sobre a personalidade dos personagens.
Apesar da série se
concentrar nos irmãos Nate e David, as tramas dos personagens secundários
também são muito boas. Basicamente todos os personagens da série são muito bem
desenvolvidos e possuem um arco completo. A Sra. Fisher, Ruth, começa o
seriado como uma ressentida dona de casa, passa por diversas descobertas e
transformações e termina a história bem diferente. A filha mais nova da
família, Claire, também tem uma trama muito boa, desde o começo em que era uma
garota que não sabia o que queria da vida, até o fim da série quando se
transforma em uma promissora artista. Até mesmo o empregado da funerária, Rico
tem um arco bem trabalhado, ele possui a sua própria história com os seus
problemas familiares e também tem uma boa participação no desenvolver da trama
principal. Assim como o namorado de Dave, Keith, que a série também mostra os
seus problemas com sua família, além da sua relação com o protagonista. Outros
personagens como Brenda e Billy também são muito bem trabalhados.
A originalidade de usar um
tema tão pesado quanto a morte como pano de fundo para diversos outros temas
interessantes, fazem de Six Feet Under uma das melhores séries da história.
Some ainda o fato da série ter personagens extremamente reais, repletos de
conflitos internos. Temos, portanto, um prato cheio para quem gosta de uma
grande história, com uma bela dose de carga dramática.
Reconhecido pelo público e pela crítica como um dos
melhores diretores da atualidade, Chistopher Nolan escreveu e dirigiu alguns
dos melhores filmes dos últimos anos. O cineasta consegue transitar entre
diversos estilos, desde filmes de super-heróis até ficções científicas, mas
sempre com um alto teor filosófico.
Confira abaixo quais são na nossa opinião os cinco melhores
trabalhos do diretor:
5° O
Grande Truque
Lançado em 2006, o filme se passa no final do século XIX e
conta a história da rivalidade entre dois mágicos (Cristian Bale e Hugh
Jackman) que buscam incessantemente superar um ao outro.
O filme tem um grande elenco, que também conta com Scarlett
Johanson, Michael Caine, David Bowie e Andy Serkis. Sem falar no visual do
longa que é incrível, tanto é que concorreu ao Oscar nas categorias Melhor
Fotografia e Melhor Direção de Arte.
O filme tem de quebra um final surpreendente com um grande
plot twist.
Trailer do filme:
4°
Batman: Cavaleiro das Trevas
Sempre presente nas listas de melhores filmes de super-heróis
da história, Batman: Cavaleiro das Trevas é um clássico do gênero. O filme vai
além de ser apenas um blockbuster, tendo uma profundidade raramente encontrada
em longas de heróis. O coringa psicopata de Heath Ledger marcou época e é
possivelmente o melhor vilão do cinema baseado em HQs.
A recepção da crítica foi tão boa que o filme foi indicado
a incríveis 8 Oscars, tendo vencido em 2 categorias, Melhor Edição de Som e
Melhor Ator Coadjuvante. Heath Ledger ainda venceu o Globo de Ouro, o SAG e o
BAFTA pela sua grande atuação como o palhaço de Gotham.
Trailer do filme:
3° A
Origem
Lançado em 2010, A Origem conta a história de um grupo
especializado em invadir o sonho das pessoas para extrair informações dos seus
inconscientes. No entanto, o grupo é contratado para uma inédita e arriscada
missão, plantar uma ideia na mente de uma pessoa.
O enredo inovador e os efeitos visuais de encher os olhos
fizeram do filme um grande sucesso de crítica e público, arrecadando mais de
800 milhões de dólares em todo o mundo e tendo sido indicado e vencido várias
premiações. Assim como Cavaleiro das Trevas o longa foi indicado a 8 Oscars, só
que dessa vez venceu em 4 categorias: Melhor Fotografia, Efeitos Visuais,
Edição de Som e Mixagem de Som.
O filme ainda conta com um elenco estrelado, como Leonardo
DiCaprio, Michael Caine, Joseph Gordon-Levitt, Elen Page, Marrion Cotilard e
Ken Watanabe.
Trailer do filme:
2° Interestelar
Lançado em 2014, Interestelar é um dos filmes de ficção
científica com um dos melhores embasamentos em física da história do cinema.
Aqui não vemos barulhos no espaço ou outras blasfêmias científicas, apesar da
história mirabolante de viagem no tempo tudo é plausível segundo teorias
científicas.
O longa protagonizado por Matthew McConaughey, conta uma história que se
passa em um futuro onde pragas nas plantações levaram a humanidade a viver em
uma sociedade agrária, inclusive o
personagem principal é um ex astronauta que agora trabalha como fazendeiro. No
entanto, alguns acontecimentos levam a Nasa a enviar o protagonista e uma
equipe de astronautas para explorar outros planetas com o intuito de buscar um
lugar habitável para os terráqueos.
Some essa boa dose de ficção científica a uma bela pitada
de cenas emocionantes e comoventes, temos portanto um dos melhores trabalhos de Nolan e um dos melhores
filmes dos últimos anos. Como reconhecimento da crítica o longa recebeu 5
indicações ao Oscar, tendo ganhado na categoria Efeitos Especiais.
Trailer do filme:
1°
Amnésia
O filme foi o primeiro grande sucesso da carreira de Nolan
e o alçou de vez ao estrelato. Lançado em 2000, o longa foi inspirado em um
conto escrito pelo irmão do diretor, Jhonatan Nolan, e possui um dos melhores
roteiros da história do cinema. No filme somos apresentados a Leonard Shelby,
um homem que sofre com perdas de memória recente e que busca descobrir quem
matou a sua mulher, o detalhe é que a história é contada de trás para frente. Com
uma narrativa não-linear muito bem construída a história começa pelo fim e
acaba no começo, onde o expectador descobre toda a verdade sobre o mistério do
filme.
O filme foi muito bem recebido pela crítica e foi indicado ao Oscar em 2 categorias: Melhor Roteiro Original e Melhor
Edição.
Era uma Vez na América é um dos maiores filmes de máfia de
todos os tempos, e com certeza o mais artístico do gênero. Lançado nos EUA em
1984, o filme foi dirigido pelo grande diretor italiano Sergio Leone, famoso
por seus westerns, e estrelado por
Robert De Niro. O longa conta a história de um grupo de garotos judeus que crescem
praticando pequenos crimes, e com o passar do tempo se tornam gângsters ao se
envolverem com o tráfico de bebidas em pleno período da Lei Seca.
A história é contada através de uma narrativa não linear.
Começa com o jovem Noodles, De Niro, fugindo da cidade após ser jurado de
morte, e depois vai se alternando entre contar o passado, época de infância dos
garotos, e o presente, a volta de um Noodles já velho a cidade. Essas três
narrativas se complementam muito bem na história, criando uma expectativa em
torno dos motivos que levaram Noodles a se tornar um mafioso e posteriormente o
que o fez fugir.
O fato do filme contar a história de Noodles e seus amigos
desde a época de criança até a velhice confere um ar grandioso ao filme. Os
garotos crescem e se desenvolvem na trama ao mesmo tempo em que a própria máfia
nos EUA. Os gangsters americanos surgiram na época da Lei Seca com o tráfico de
bebidas, o próprio Al Capone foi um deles. O filme se passa nesse “Período de
Ouro” do crime organizado nos EUA. Portanto, Era uma Vez na América é de certa
forma um tratado sobre o desenvolvimento das organizações criminosas na
américa, um verdadeiro épico da máfia.
Quanto a direção de Sergio Leone, esta é simplesmente
incrível. É impressionante como o diretor consegue em alguns momentos contar a
história apenas com imagens, os 30 primeiros minutos do filme não têm quase
nenhuma fala e mesmo assim o diretor te ambienta totalmente na história. A cena
do Noodles jovem olhando no espelho e depois aparecendo seu reflexo já velho ao
som de Yesterday dos Beatles é umas das mais belas e inteligentes cenas do
cinema, tudo se encaixa, trilha sonora e imagem se completam perfeitamente.
Some ainda a trilha sonora do grande Ennio Morricone, que venceu o Oscar de
melhor canção original em 2016 por Os Oito Odiados, e foi indicado pela
academia inúmeras vezes. Temos, portanto, em Era Uma Vez na América uma
verdadeira obra de arte da história do cinema, que deve ser admirada e contemplada.
No entanto, para se assistir ao longa e admirar a sua
beleza é necessário um pouco de paciência do expectador. O filme peca um pouco
pela sua longa duração, quase quatro horas. Por ser uma narrativa quase que
épica é necessário um tempo maior para contar a história, no entanto, Era Uma
Vez na América possui alguns trechos que não são tão importantes para a trama,
principalmente na parte final. Além disso, não existem tantas cenas de ação
como usualmente vemos em filmes de máfia, o longa preza por contar a história
de uma forma mais artística, usando muito as imagens, e com momentos lentos
utilizados para o expectador admirar o filme como se admirasse uma pintura. No
entanto, apesar desses momentos serem lentos, não são de forma alguma
arrastados, existe um propósito claro do diretor com esse tipo de narrativa.
Quanto as atuações, o filme está muito bem servido. A
começar por Robert De Niro, que mostra mais uma vez que sabe como ninguém
interpretar um mafioso. É impressionante como ele consegue fazer o mesmo
personagem jovem e velho, que ao mesmo tempo são tão diferentes e tão iguais. O
jovem Noodles é intransigente, sem limites, alucinado, enquanto a sua versão
velha é mais contida, amargurada. Apesar da mudança na personalidade do
personagem, a interpretação de De Niro convence o expectador que ambas as
versões fazem parte de um mesmo personagem, que mudou o seu jeito de encarar a
vida depois de um acontecimento marcante.
Outros destaques nas atuações são: Scott Schultzman Tiller
no papel do Noodles criança, a jovem Jennifer Connelly no papel de Deborah
criança, James Woods, que interpreta o Max adulto, e a sensacional Tuesday
Weld, que foi indicada ao Globo de Ouro como atriz coadjuvante pelo papel de
Carol.
Concluindo, Era uma Vez na América é um dos maiores
clássicos da história do cinema, um épico da máfia que não se destina apenas
aos fãs do gênero. Se destina a todos que gostem de um cinema belo, estético e
tocante. Em outras palavras, se destina a todos que gostem de cinema em sua
forma mais artística. Confira o trailer do filme:
Lançado em 2001, Deuses
Americanos é um livro de fantasia escrito por Neil Gaiman (Sandman). No livro a
existência das divindades está atrelada a crença que as pessoas têm nelas,
assim como o grau de poder delas depende do quanto são veneradas. Portanto, os
deuses existem onde há alguém que acredite neles. Sendo assim, os imigrantes
que ajudaram a construir os EUA levaram consigo a divindades das suas
respectivas culturas. No entanto, esses deuses antigos trazidos de outros lugares
foram perdendo a sua força ao longo do tempo, pois os descendentes desses
imigrantes foram perdendo a fé neles a medida em que incorporavam a cultura estadunidense.
Com o enfraquecimento das divindades antigas, as pessoas passaram a ter outros
tipos de “veneração”, como a adoração à internet e a televisão. Surge então um
embate entre os enfraquecidos deuses antigos e os fortalecidos deuses modernos,
é em torno desse conflito que a história do livro gira.
O protagonista da trama é um
homem chamado Shadow, que ao sair da cadeia acaba aceitando o emprego de um
mistério velho conhecido como Wednesday. Mais tarde Shadow acaba descobrindo
que o seu patrão na verdade é o deus nórdico Odin, e que ele o contratou para ajudá-lo
em uma jornada afim de reunir as divindades antigas com o objetivo de destruir
os novos deuses e assim restaurar o poder que tiveram no passado.
Ao longo da história são
apresentados personagens interessantíssimos, como por exemplo os deuses novos
das tecnologias modernas, e também as divindades antigas de diversas culturas,
desde as europeias até as africanas. Esse é o ponto alto do livro, Neil Gaiman
sabe muito bem criar e desenvolver seres divinos e míticos, assim como já havia
mostrado anteriormente em Sandman. O escritor inglês mergulha profundamente na
essência e no simbolismo de cada deus, e baseado nisso faz um belo exercício de
imaginar como esses deuses seriam se vivessem entre os humanos. O deus egípcio
dos mortos, Anúbis, tem uma funerária, enquanto que a Rainha de Sabá encontra
na prostituição uma forma de ser adorada.
De modo geral, pode se
entender Deuses Americanos como uma grande metáfora sobre a imigração. Ao se
mudarem para um novo local as pessoas carregam com si uma série de valores e
crenças de suas culturas, no entanto, ao se mudarem para outro lugar a tendência
é que essas culturas venham a desaparecer com o tempo, uma vez que ocorre um
processo natural de adaptação a cultura local. Essa é uma camada mais profunda
do livro, que não fica tão aparente à primeira vista, mas que contribui para
enriquecer ainda mais a obra.
Por fim, foi divulgado recentemente
que uma série sobre o livro está sendo produzida. Há um tempo atrás a HBO
adquiriu os direitos, mas depois de muitos anos de pré-produção a série acabou
não indo para frente e a emissora americana decidiu desistir do projeto. A boa
notícia é que em 2014 o canal Starz (conhecido pela série Spartacus), comprou
os direitos do livro e já começou em 2016 as filmagens.
Concluindo, Deuses
Americanos é um excelente livro de fantasia, tanto é que venceu os prêmios Hugo
e Nebula de melhor livro de Ficção/Fantasia. No entanto, a obra de Gaiman não
agrada somente os amantes do gênero fantástico, quem gosta de livros que
abordem a questão cultural dos povos também vai gostar. O livro vai além do seu
próprio gênero, e se destina a todos que gostem de uma boa história, com
personagens interessantes e bem trabalhados.
Dirigido pelo mesmo diretor de Cisne Negro e Réquiem para
um Sonho( Darren Aronofsky), o filme de 1998 conta a história do gênio da
matemática Max Cohen, e da sua busca obsessiva por um padrão matemático
universal que explicaria diversos acontecimentos do mundo.
Pi foi o primeiro longa do diretor. E logo na sua estreia
Aronofsky já demostrou qual seria a sua marca registrada ao longo da carreira,
filmes densos e profundos que mostram muito bem a complexidade da mente humana.
Em Pi o cineasta trabalha muito bem a angustia e a obsessão do protagonista em
busca da resolução do seu problema matemático, e do consequente sofrimento que
isto acarreta ao mesmo.
Para construir essa narrativa pesada e colocar o expectador
no lugar do matemático, o diretor utiliza de alguns artifícios cinematográficos.
Primeiramente o filme é filmado em preto e branco, recurso que dá um ar mais cru
e sombrio à história, assim como Scorsese já havia feito em 1980 no filme Touro
Indomável. Outro recurso interessante usado em Pi é o hip hop montage, técnica
que utiliza cortes extremamente rápidos em close, acompanhados de efeitos
sonoros. Esta técnica ajuda a dar um ritmo mais acerado ao filme, que faz com
que o expectador fique mais agitado, assim como o protagonista da história. Por
fim, a trilha sonora também tem um papel importante nessa ambientação, por ser
aguda e de certa forma desesperadora. Estes recursos utilizados por Aronofsky
de forma mais experimental em Pi seriam utilizados em uma escala muito maior em
seu trabalho posterior, Réquiem para um Sonho de 2000.
Como já citado anteriormente, o diretor sabe muito bem
abordar a mente humana. Aronofsky mostra um certo conhecimento de psicanálise
em seus filmes. Em Pi não é diferente. As cenas no metrô são um simbolismo para
o inconsciente do protagonista. Assim como o metrô que fica em baixo da terra,
escondido da superfície, o inconsciente segundo a psicanalise fica em uma
camada mais profunda da mente humana, escondido da nossa consciência. Sabendo
disso, o diretor usa as cenas no metrô para mostrar o inconsciente de Max,
através de situações aparentemente absurdas, porém recheadas de simbolismo,
igual a um sonho. São mostradas metáforas muito interessantes sobre o que se
passa na cabeça do personagem.
Resumindo, Pi não é um filme fácil de ser assistido, exige
reflexão. Fato que torna o longa ainda mais interessante. O suspense criado ao
redor da busca de Max pelo padrão universal, consegue prender muito bem a
atenção do expectador. Ao mesmo tempo em que queremos descobrir o segredo, sentimos
na pele o sofrimento do protagonista. Aronofsky sabe criar muito bem sensações,
narrativas densas e mergulhar na psique humana. Se você gosta desses elementos
em um filme, Pi é uma ótima pedida!
Nesta clássica HQ escrita por Frank Miler em
1986, é contada a história de um Batman já velho e aposentado, que decide
voltar à ativa depois uma onda de crimes em Gothan City. Bruce Wayne está
amargurado pela morte do Robin e a Liga da Justiça já não existe mais, mesmo
assim o "idoso" homem morcego decide voltar a cena.
Esse arco revolucionou as histórias em
quadrinhos por ser um dos primeiros a ter uma abordagem mais adulta dos super-heróis.
Temas como violência urbana, direitos humanos e política internacional são
muito bem trabalhados por Frank Miller. As cenas do noticiário debatendo a
legitimidade das ações do Batman são excelentes, e mostram muito bem essas
questões polêmicas.
Em Cavaleiro das Trevas, o Batman age muito
mais à margem da lei, ele é impiedoso, não tem limites, chegando até a matar.
Bruce Wayne já sofreu muitos desapontamentos durante a vida e portanto, não se
importa tanto em seguir a regras da sociedade. O Batman de Ben Afleck se
inspirou muito no de Frank Miller.
Por fim, há o grande embate entre os dois
maiores heróis da DC Comics, Batman Vs Superman. O homen de aço é na história
uma espécie de “capanga” do governo americano, e quando o presidente dos EUA
pede para ele combater o Batman, Clark decide seguir a ordem do seu superior em
detrimento da velha amizade com o morcego. A luta entre os dois é sensacional,
com direito ao Batman lutando de armadura e dando uma bela surra no Superman. O
filme de Zack Snyder se baseou muito no Cavaleiro das Trevas, especialmente nas
cenas de combate entre os heróis. Portanto, se você gostou do filme e tem
curiosidade de conhecer melhor o seu principal material fonte, O Cavaleiro das
Trevas de Frank Miller é uma ótima pedida!
Vince Gilligan mostra novamente que é mestre em desenvolver personagens. Assim como fez em Breaking Bad, em Better Call Saul ele faz isso muito bem. A narrativa lenta é necessária para desenvolver e contar a origem dos protagonistas Jimmy e Mike. No entanto, senti falta de um pouco mais de ação, de grandes acontecimentos, mas o ritmo lento é compreensível para o desenrolar da trama. Nesta 2° temporada vemos um embrião do Saul Goodman e do Mike que conhecemos em Breaking Bad. Ambos tentam ir contra a sua natureza, mas vão aos poucos a incorporando. Tudo leva a crer que na 3° temporada serão mostrados o Saul picareta e o Mike bad ass que nos acostumamos a ver em Breaking Bad.
Se na 1° temporada vimos um Jimmy McGill que começa malandro e depois vai tentando se ajustar a sociedade, na 2° temporada temos o caminho inverso. Tirando a recaída do hotel nos primeiros episódios, o protagonista começa essa temporada com o emprego dos sonhos de qualquer advogado, e ele realmente tenta se encaixar na sua vida “certinha”, mas algo está errado, ele não quer viver assim, essa não é sua natureza. Aos poucos o expectador vai percebendo o surgimento do Saul Goodman, o episódio 7 mostra bem isso, quando o personagem aparece pela primeira vez usando os seus característicos trajes sociais coloridos e extravagantes.
O arco do personagem Mike tem uma estrutura parecida com a de Jimmy. Assim como o protagonista, Mike também tem uma natureza que ele tenta renegar, mas vai aos poucos a assumindo de vez. Se no caso de Jimmy a essência do personagem é a malandragem, no caso de Mike o seu talento é como criminoso. Apesar do personagem tentar se adaptar a uma vida pacata como avô e com um emprego comum, ele aos poucos vai deixando o seu “lado negro” transparecer cada vez mais. Ele pode até dar a desculpa que está fazendo tudo isso pela família, mas a verdade é que Mike sente um certo prazer fazendo estas atividades criminosas. Vemos uma semelhança com o personagem Walter White de Breaking Bad, que sempre falava que fabricava droga para ganhar dinheiro e que pararia quando ganhasse uma certa quantia, mas que na verdade estava envolvido com aquilo por uma mera razão de vaidade.
Os personagens secundários também foram bem desenvolvidos nessa temporada. Com destaque para Kim Wexler e Charles McGill, que tem as suas motivações mais transparecidas nesta 2° temporada. A primeira gosta de " brincar" de malandra às vezes, (como vemos na cena do golpe no hotel) talvez seja por isso que ela se sinta atraída por Jimmy, no entanto ela se mantém fiel aos seus princípios morais mesmo estando com junto com ele. Charles por sua vez, apesar de ser bem-sucedido profissionalmente sente uma inveja doentia do irmão, e faz de tudo para atrapalhá-lo. No último episódio é mostrado claramente o motivo de toda essa inveja.
Outro ponto que a série continua competente é na inserção de personagens do universo de Breaking Bad. Se na primeira temporada o traficante Tuco foi apresentado, no segundo ano da série fomos introduzidos ao tio do criminoso, o grande Hector Salamanca. A tendência é que cada vez mais esses personagens de Breaking Bad aparecam na série (Vince Gilligan disse que a dupla Walter White e Jesse Pinkman pode aparecer em algum momento na série).
Quanto ao roteiro, direção e fotografia, a série continua muito boa. O roteiro é muito bem amarrado, não existem grandes reviravoltas, mas os personagens são bem trabalhados. O visual continua muito bom, a fotografia é belíssima, principalmente as cenas no deserto, e o ar setentista da séria continua muito bem afiado (a vinheta de abertura, o figurino e a caracterização de Jimmy dão essa cara charmosa dos anos 70)
Por fim, se faltou ação nessa temporada sobrou desenvolvimento dos personagens. Tudo leva a crer que uma vez estabelecida a origem dos protagonistas, na 3° temporada teremos a consolidação do Saul e do Mike de Breaking Bad. Sem tanta necessidade de focar nos dramas dos mesmos, a ação e os grandes acontecimentos devem predominar nas próximas temporadas, assim como ocorreu na série que deu origem ao Spin Off.
Conhecido pelos seus diálogos incríveis e pelo uso de uma violência que de tão absurda se torna até cômica, Quentin Tarantino é sem dúvida um dos melhores diretores de cinema atualmente. O cineasta já venceu inúmeros prêmios, como por exemplo 2 Oscars, 2 Globos de Ouro, 2 BAFTAS e uma Palma de Ouro de Cannes
Diante de tantos grandes filmes, a tarefa de escolher Os 5+ do diretor não foi nada fácil. Mesmo assim aceitamos o desafio e fizemos a nossa lista dos melhores de Tarantino.
5° Kill Bill Volume 1 e 2
Inicialmente pensado para ser apenas um filme, Kill Bill acabou sendo separado em dois volumes devido a longa duração que o filme havia ficado, aproximadamente 4 horas. Por isso preferimos analisar os filmes conjuntamente.
Os longas contam a história de Beatrix Kiddo, conhecida como a “noiva”, que busca se vingar daqueles que tentaram assassina-lá. Os filmes contam com uma série de referências a cultura pop, como filmes de artes marciais asiáticos (O traje da protagonista é inspirado em um filme de Bruce Lee) e faroestes italianos. Sem falar da característica “violência tarantinesca”, que em Kill Bill é levada as mais elevadas proporções.
Confira abaixo o Trailer do volume 1:
4° Django Livre
Lançado em 2012, Django Livre foi um dos filmes do diretor mais aclamados pela crítica. O longa venceu 2 Oscars, Melhor Roteiro Original e Melhor Ator Coadjuvante, Cristopher Waltz.
O filme conta a história de Django, um escravo que é comprado por um caçador de recompensa alemão que promete libertá-lo após ele ajuda-lo em uma missão. A trama bem desenvolvida somada ao grande elenco, Jamie Foxx, Samuel L. Jackson, Cristopher Waltz e Leonardo de DiCaprio, fizeram do filme um dos maiores sucessos da carreira do diretor.
Confira abaixo o Trailer.
3° Cães de Aluguel
Primeiro filme da carreira de Tarantino, Cães de Aluguel foi lançado em 1992, e apesar de não ter sido um sucesso na época, ganhou ares de grande filme após o grande êxito de Pulp Fiction.
A história gira em torno dos eventos posteriores a um roubo malsucedido efetuado por um grupo de ladrões que não se conhecem, e se referem um ao outro pelo nome de cores. No seu trabalho de estreia o diretor já deu mostras das suas características marcantes, a violência e o diálogos. Em Cães de Aluguel os diálogos predominam sobre a violência, sendo um dos filmes do diretor com melhores diálogos (o diálogo em que os bandidos conversam sobre a música Like a Virgin da Madona é sensacional).
Confira abaixo o trailer do filme:
2° Bastardos Inglórios
O filme de 2009 conta a história de um grupo de soldados judeus americanos e de uma judia francesa que planejam assassinar nazistas na segunda guerra mundial.
O longa foi um grande sucesso de público e crítica, tendo arrecadado 320 milhões de dólares e recebido vários prêmios. O filme apresentou para o grande público o ator austríaco Cristopher Waltz, que venceu como Melhor Ator Coadjuvante o Oscar, Globo de Ouro, BAFTA e Festival de Cannes.
Lançado em 1994, o filme conta três histórias diferentes que acabam se juntando posteriormente.2 assassinos profissionais, ogângsterque os chefia e sua esposa, umboxeadorpago para perder uma luta e um casal assaltando um restaurante. A narrativa extremamente original e a violência absurda marcaram a história do cinema e fizeram de Pulp Fiction um clássico.
O filme ganhou vários prêmios, incluindo uma Palma de Ouro de Cannes e 7 indicações ao Oscar, tendo ganhado na categoria de Melhor Roteiro Original. O longa catapultou as carreiras de Samuel L. Jackson e Uma Thurman, que foram indicados ao Oscar como melhor ator e atriz coadjuvantes, além de ter trazido de volta aos holofotes o ator John Travolta, indicado como melhor ator.
Além dos prêmios e dos elogios da crítica, O que torna Pulp Fiction um dos maiores clássicos da história do cinema é a sua herança para a cultura pop. Diálogos tão marcantes como o de Samuel L. Jackson citando Ezequiel antes de cometer um assassinato e cenas tão marcantes como a dança de Uma Thurman e John Travolta tornaram o filme tão inesquecível. Por isso Pulp Fiction é o maior filme de Quentin Tarantino!
Escrito por Chuck Palahniuk em 1996, o livro
Clube da Luta foi um grande sucesso de crítica, tendo vencido os prêmios
Pacific Northwest Booksellers Award e o Oregon Book Award de melhor livro do
ano nos EUA. Tanto sucesso motivou o estúdio Fox a comprar os direitos para
fazer um filme, e em 1999 foi lançado o longa-metragem dirigido por David
Fincher e estrelado por Edward Norton, Brad Pitt e Helena Bonham Carter.
Curiosamente o filme foi um fracasso de bilheteria, e só atingiu o status de "cult " anos depois com o lançamento do DVD.
A adaptação de Fincher para o cinema foi
extremamente fiel ao livro, chegando a ter passagens identicas a obra
literária. O Tom sombrio, de humor negro e anárquico foi mantido e os atores
foram muito bem escolhidos para os papéis principais. Edward Norton personifica
muito bem o narrador descontente com a sua "vidinha normal", sua cara
de bom moço se encaixa muito com o personagem. Brad Pitt por sua vez é perfeito
para o papel de Tyler Durden, personificando bem o cara descolado e ideal de
masculinidade. Há uma passagem do livro que parece estar descrevendo o próprio
ator: “Tyler está em pé ali, belo, perfeito, um anjo loiro da cabeça ao pés”.
Por fim, a personagem de Marla Singer parece ter sido escrita especialmente
para a atriz Helena Bonham Carter, ambas possuem um ar meio dark e esquisito. Palahniuk descreve Marla no livro com: " Cabelos curtos pretos
desgrenhados, olhos grandes iguais aos de um desenho japonês, branca como leite
aguado", uma descrição perfeita da atriz.
Apesar da grande semelhança entre livro e
filme, existem algumas pequenas diferenças. No livro por exemplo, existem muito
mais descrições das "receitas bizarras ", como por exemplo fazer
napalm com suco de laranja ou explodir um computador furando o monitor com
furadeira e enchendo o buraco com gasolina. Não que o filme não aproveite isso,
ele usa bastante dessas descrições, no entanto em uma escala muito menor quando
comparado ao livro. O motivo é simples, enquanto o livro tem mais de duzentas páginas,
o filme tem pouco mais de duas horas. Então não dá para fazer tantas descrições
como no livro, é uma limitação da linguagem cinematográfica. No entanto, o
filme surpreende ao conseguir aproveitar tantos elementos do livro de uma forma
muito interessante.
Outra diferença entre livro e filme são as
pistas que ambos dão sobre o narrador e Tyler serem a mesma pessoa. Enquanto
que no filme são dadas poucas pistas, no livro elas são mostradas quase que em
todos os capítulos. Novamente, essa diferença é motivada pelo fato de serem
mídias distintas e consequentemente terem linguagens distintas. Não é possível
ao diretor dar tantas pistas e ao mesmo tempo manter o suspense do filme,
enquanto que no livro apesar de serem dados mais indícios, é preciso uma
leitura mais atenta ou até uma releitura para perceber essas pistas.
A maior diferença entre filme e livro fica por
conta dos finais de cada um. Não vou revelar o final do livro, para evitar
spoilers de quem ainda não leu, mas o que posso dizer é que o fim da obra
literária é mais alongado que o fim do filme. Enquanto que o filme termina com
a cena de Tyler e Marla assistindo a explosão dos prédios, no livro há uma cena
posterior a essa. O que posso revelar é que a história do livro termina de uma
maneira mais melancólica, enquanto que no filme o final é mais grandioso e hollywoodiano.
Eu particularmente gostei de ambos os finais, mas confesso que prefiro o do
livro.
Resumindo a análise, o filme é uma grande obra
porque se parece muito com o livro. Apesar das pequenas diferenças, que não
comprometem de forma alguma o longa, David Fincher conseguiu com maestria
traduzir Chuck Palahniuk para o cinema. A preservação do tom característico do
escritor fez com que o filme chocasse Holiwood e o grande público, mas chocasse
divertindo, com uma crítica inteligente à sociedade, e transformou Clube da
Luta em um verdadeiro clássico.