Six Feet Under é uma série
criada por Alan Ball, e conta a história da família Fisher que possui uma
funerária. À primeira vista a trama pode até parecer bem simples, mas esse é
apenas o pano de fundo para uma história muito mais complexa, que envolve além
do tema central que é como as pessoas encaram a morte, outros temas como
homossexualismo, infidelidade, religião, depressão, família, entre outros. A
série teve uma boa recepção por parte da crítica e ao longo de suas cinco
temporadas recebeu vários prêmios, incluindo nove Emmys e três Globos de Ouro.
A história tem início quando
o pai, Nathaniel Fisher, morre em um acidente de carro e os Fishers se veem
sem o chefe de família e fundador da funerária. O filho mais velho de
Nathaniel, Nate, que tinha problemas com o pai e morava em outra cidade, volta para
casa depois de muitos anos para o funeral do pai. A volta para casa em uma
situação tão extrema faz Nate repensar a sua vida e resolver assumir o negócio
da família junto com o irmão David, um competente agente funerário e
homossexual reprimido, interpretado brilhantemente por Michael C. Hall, do
seriado Dexter. Além de ter que lidar com a administração da funerária, Nate
também tem de lidar com os outros membros de sua família, a sua mãe Ruth, uma
devotada mulher do lar frustrada com a sua vida, e sua irmã mais nova Claire,
uma garota sem muito rumo na vida que ele mal conhece. Há ainda outros
personagens muito interessantes na série, como a namorada problemática de Nate,
Brenda, e o seu irmão psicótico, Billy, além do carismático empregado da
família, Rico, e do namorado de David, Keith, um policial negro gay.
Cada episódio da série
sempre começa com uma morte e a posterior chegada do cadáver a funerária da
família. O interessante é que os irmãos Fisher sempre acabam se identificando
de alguma forma com os mortos, e essa relação entre vivos e mortos é muito bem
trabalhada no seriado. Há por exemplo, um episódio que a funerária recebe o
corpo de um gay que morreu espancado por um grupo de homofóbicos e David acaba
ficando com mais medo ainda de se assumir homossexual. Sempre há um paralelo
entre o morto do episódio e os personagens vivos.
Outro aspecto bem
interessante da série é que apesar de morto, o pai da família Fisher sempre
tem uma importante participação na série. Ele aparece para os membros da
família Fisher como uma espécie de manifestação do inconsciente deles,
conversando com eles sobre os seus conflitos internos e sobre as consequências
de sua morte. Os diálogos entre os membros da família e o Sr. Fisher são muito
bons, e revelam muito sobre a personalidade dos personagens.
Apesar da série se
concentrar nos irmãos Nate e David, as tramas dos personagens secundários
também são muito boas. Basicamente todos os personagens da série são muito bem
desenvolvidos e possuem um arco completo. A Sra. Fisher, Ruth, começa o
seriado como uma ressentida dona de casa, passa por diversas descobertas e
transformações e termina a história bem diferente. A filha mais nova da
família, Claire, também tem uma trama muito boa, desde o começo em que era uma
garota que não sabia o que queria da vida, até o fim da série quando se
transforma em uma promissora artista. Até mesmo o empregado da funerária, Rico
tem um arco bem trabalhado, ele possui a sua própria história com os seus
problemas familiares e também tem uma boa participação no desenvolver da trama
principal. Assim como o namorado de Dave, Keith, que a série também mostra os
seus problemas com sua família, além da sua relação com o protagonista. Outros
personagens como Brenda e Billy também são muito bem trabalhados.
A originalidade de usar um
tema tão pesado quanto a morte como pano de fundo para diversos outros temas
interessantes, fazem de Six Feet Under uma das melhores séries da história.
Some ainda o fato da série ter personagens extremamente reais, repletos de
conflitos internos. Temos, portanto, um prato cheio para quem gosta de uma
grande história, com uma bela dose de carga dramática.