quarta-feira, 27 de abril de 2016

Era Uma Vez Na América


Era uma Vez na América é um dos maiores filmes de máfia de todos os tempos, e com certeza o mais artístico do gênero. Lançado nos EUA em 1984, o filme foi dirigido pelo grande diretor italiano Sergio Leone, famoso por seus  westerns, e estrelado por Robert De Niro. O longa conta a história de um grupo de garotos judeus que crescem praticando pequenos crimes, e com o passar do tempo se tornam gângsters ao se envolverem com o tráfico de bebidas em pleno período da Lei Seca.

A história é contada através de uma narrativa não linear. Começa com o jovem Noodles, De Niro, fugindo da cidade após ser jurado de morte, e depois vai se alternando entre contar o passado, época de infância dos garotos, e o presente, a volta de um Noodles já velho a cidade. Essas três narrativas se complementam muito bem na história, criando uma expectativa em torno dos motivos que levaram Noodles a se tornar um mafioso e posteriormente o que o fez fugir.

O fato do filme contar a história de Noodles e seus amigos desde a época de criança até a velhice confere um ar grandioso ao filme. Os garotos crescem e se desenvolvem na trama ao mesmo tempo em que a própria máfia nos EUA. Os gangsters americanos surgiram na época da Lei Seca com o tráfico de bebidas, o próprio Al Capone foi um deles. O filme se passa nesse “Período de Ouro” do crime organizado nos EUA. Portanto, Era uma Vez na América é de certa forma um tratado sobre o desenvolvimento das organizações criminosas na américa, um verdadeiro épico da máfia.

Quanto a direção de Sergio Leone, esta é simplesmente incrível. É impressionante como o diretor consegue em alguns momentos contar a história apenas com imagens, os 30 primeiros minutos do filme não têm quase nenhuma fala e mesmo assim o diretor te ambienta totalmente na história. A cena do Noodles jovem olhando no espelho e depois aparecendo seu reflexo já velho ao som de Yesterday dos Beatles é umas das mais belas e inteligentes cenas do cinema, tudo se encaixa, trilha sonora e imagem se completam perfeitamente. Some ainda a trilha sonora do grande Ennio Morricone, que venceu o Oscar de melhor canção original em 2016 por Os Oito Odiados, e foi indicado pela academia inúmeras vezes. Temos, portanto, em Era Uma Vez na América uma verdadeira obra de arte da história do cinema, que deve ser admirada e contemplada.

No entanto, para se assistir ao longa e admirar a sua beleza é necessário um pouco de paciência do expectador. O filme peca um pouco pela sua longa duração, quase quatro horas. Por ser uma narrativa quase que épica é necessário um tempo maior para contar a história, no entanto, Era Uma Vez na América possui alguns trechos que não são tão importantes para a trama, principalmente na parte final. Além disso, não existem tantas cenas de ação como usualmente vemos em filmes de máfia, o longa preza por contar a história de uma forma mais artística, usando muito as imagens, e com momentos lentos utilizados para o expectador admirar o filme como se admirasse uma pintura. No entanto, apesar desses momentos serem lentos, não são de forma alguma arrastados, existe um propósito claro do diretor com esse tipo de narrativa.

Quanto as atuações, o filme está muito bem servido. A começar por Robert De Niro, que mostra mais uma vez que sabe como ninguém interpretar um mafioso. É impressionante como ele consegue fazer o mesmo personagem jovem e velho, que ao mesmo tempo são tão diferentes e tão iguais. O jovem Noodles é intransigente, sem limites, alucinado, enquanto a sua versão velha é mais contida, amargurada. Apesar da mudança na personalidade do personagem, a interpretação de De Niro convence o expectador que ambas as versões fazem parte de um mesmo personagem, que mudou o seu jeito de encarar a vida depois de um acontecimento marcante.

Outros destaques nas atuações são: Scott Schultzman Tiller no papel do Noodles criança, a jovem Jennifer Connelly no papel de Deborah criança, James Woods, que interpreta o Max adulto, e a sensacional Tuesday Weld, que foi indicada ao Globo de Ouro como atriz coadjuvante pelo papel de Carol.

Concluindo, Era uma Vez na América é um dos maiores clássicos da história do cinema, um épico da máfia que não se destina apenas aos fãs do gênero. Se destina a todos que gostem de um cinema belo, estético e tocante. Em outras palavras, se destina a todos que gostem de cinema em sua forma mais artística.


Confira o trailer do filme:







Nenhum comentário:

Postar um comentário