Era uma Vez na América é um dos maiores filmes de máfia de
todos os tempos, e com certeza o mais artístico do gênero. Lançado nos EUA em
1984, o filme foi dirigido pelo grande diretor italiano Sergio Leone, famoso
por seus westerns, e estrelado por
Robert De Niro. O longa conta a história de um grupo de garotos judeus que crescem
praticando pequenos crimes, e com o passar do tempo se tornam gângsters ao se
envolverem com o tráfico de bebidas em pleno período da Lei Seca.
A história é contada através de uma narrativa não linear.
Começa com o jovem Noodles, De Niro, fugindo da cidade após ser jurado de
morte, e depois vai se alternando entre contar o passado, época de infância dos
garotos, e o presente, a volta de um Noodles já velho a cidade. Essas três
narrativas se complementam muito bem na história, criando uma expectativa em
torno dos motivos que levaram Noodles a se tornar um mafioso e posteriormente o
que o fez fugir.
O fato do filme contar a história de Noodles e seus amigos
desde a época de criança até a velhice confere um ar grandioso ao filme. Os
garotos crescem e se desenvolvem na trama ao mesmo tempo em que a própria máfia
nos EUA. Os gangsters americanos surgiram na época da Lei Seca com o tráfico de
bebidas, o próprio Al Capone foi um deles. O filme se passa nesse “Período de
Ouro” do crime organizado nos EUA. Portanto, Era uma Vez na América é de certa
forma um tratado sobre o desenvolvimento das organizações criminosas na
américa, um verdadeiro épico da máfia.
Quanto a direção de Sergio Leone, esta é simplesmente
incrível. É impressionante como o diretor consegue em alguns momentos contar a
história apenas com imagens, os 30 primeiros minutos do filme não têm quase
nenhuma fala e mesmo assim o diretor te ambienta totalmente na história. A cena
do Noodles jovem olhando no espelho e depois aparecendo seu reflexo já velho ao
som de Yesterday dos Beatles é umas das mais belas e inteligentes cenas do
cinema, tudo se encaixa, trilha sonora e imagem se completam perfeitamente.
Some ainda a trilha sonora do grande Ennio Morricone, que venceu o Oscar de
melhor canção original em 2016 por Os Oito Odiados, e foi indicado pela
academia inúmeras vezes. Temos, portanto, em Era Uma Vez na América uma
verdadeira obra de arte da história do cinema, que deve ser admirada e contemplada.
No entanto, para se assistir ao longa e admirar a sua
beleza é necessário um pouco de paciência do expectador. O filme peca um pouco
pela sua longa duração, quase quatro horas. Por ser uma narrativa quase que
épica é necessário um tempo maior para contar a história, no entanto, Era Uma
Vez na América possui alguns trechos que não são tão importantes para a trama,
principalmente na parte final. Além disso, não existem tantas cenas de ação
como usualmente vemos em filmes de máfia, o longa preza por contar a história
de uma forma mais artística, usando muito as imagens, e com momentos lentos
utilizados para o expectador admirar o filme como se admirasse uma pintura. No
entanto, apesar desses momentos serem lentos, não são de forma alguma
arrastados, existe um propósito claro do diretor com esse tipo de narrativa.
Quanto as atuações, o filme está muito bem servido. A
começar por Robert De Niro, que mostra mais uma vez que sabe como ninguém
interpretar um mafioso. É impressionante como ele consegue fazer o mesmo
personagem jovem e velho, que ao mesmo tempo são tão diferentes e tão iguais. O
jovem Noodles é intransigente, sem limites, alucinado, enquanto a sua versão
velha é mais contida, amargurada. Apesar da mudança na personalidade do
personagem, a interpretação de De Niro convence o expectador que ambas as
versões fazem parte de um mesmo personagem, que mudou o seu jeito de encarar a
vida depois de um acontecimento marcante.
Outros destaques nas atuações são: Scott Schultzman Tiller
no papel do Noodles criança, a jovem Jennifer Connelly no papel de Deborah
criança, James Woods, que interpreta o Max adulto, e a sensacional Tuesday
Weld, que foi indicada ao Globo de Ouro como atriz coadjuvante pelo papel de
Carol.
Concluindo, Era uma Vez na América é um dos maiores
clássicos da história do cinema, um épico da máfia que não se destina apenas
aos fãs do gênero. Se destina a todos que gostem de um cinema belo, estético e
tocante. Em outras palavras, se destina a todos que gostem de cinema em sua
forma mais artística.
Confira o trailer do filme:
Confira o trailer do filme:
Nenhum comentário:
Postar um comentário