segunda-feira, 25 de abril de 2016

Pi



Dirigido pelo mesmo diretor de Cisne Negro e Réquiem para um Sonho( Darren Aronofsky), o filme de 1998 conta a história do gênio da matemática Max Cohen, e da sua busca obsessiva por um padrão matemático universal que explicaria diversos acontecimentos do mundo.

Pi foi o primeiro longa do diretor. E logo na sua estreia Aronofsky já demostrou qual seria a sua marca registrada ao longo da carreira, filmes densos e profundos que mostram muito bem a complexidade da mente humana. Em Pi o cineasta trabalha muito bem a angustia e a obsessão do protagonista em busca da resolução do seu problema matemático, e do consequente sofrimento que isto acarreta ao mesmo.

Para construir essa narrativa pesada e colocar o expectador no lugar do matemático, o diretor utiliza de alguns artifícios cinematográficos. Primeiramente o filme é filmado em preto e branco, recurso que dá um ar mais cru e sombrio à história, assim como Scorsese já havia feito em 1980 no filme Touro Indomável. Outro recurso interessante usado em Pi é o hip hop montage, técnica que utiliza cortes extremamente rápidos em close, acompanhados de efeitos sonoros. Esta técnica ajuda a dar um ritmo mais acerado ao filme, que faz com que o expectador fique mais agitado, assim como o protagonista da história. Por fim, a trilha sonora também tem um papel importante nessa ambientação, por ser aguda e de certa forma desesperadora. Estes recursos utilizados por Aronofsky de forma mais experimental em Pi seriam utilizados em uma escala muito maior em seu trabalho posterior, Réquiem para um Sonho de 2000.

Como já citado anteriormente, o diretor sabe muito bem abordar a mente humana. Aronofsky mostra um certo conhecimento de psicanálise em seus filmes. Em Pi não é diferente. As cenas no metrô são um simbolismo para o inconsciente do protagonista. Assim como o metrô que fica em baixo da terra, escondido da superfície, o inconsciente segundo a psicanalise fica em uma camada mais profunda da mente humana, escondido da nossa consciência. Sabendo disso, o diretor usa as cenas no metrô para mostrar o inconsciente de Max, através de situações aparentemente absurdas, porém recheadas de simbolismo, igual a um sonho. São mostradas metáforas muito interessantes sobre o que se passa na cabeça do personagem.


Resumindo, Pi não é um filme fácil de ser assistido, exige reflexão. Fato que torna o longa ainda mais interessante. O suspense criado ao redor da busca de Max pelo padrão universal, consegue prender muito bem a atenção do expectador. Ao mesmo tempo em que queremos descobrir o segredo, sentimos na pele o sofrimento do protagonista. Aronofsky sabe criar muito bem sensações, narrativas densas e mergulhar na psique humana. Se você gosta desses elementos em um filme, Pi é uma ótima pedida!

Confira o trailer do filme:


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