Dirigido pelo mesmo diretor de Cisne Negro e Réquiem para
um Sonho( Darren Aronofsky), o filme de 1998 conta a história do gênio da
matemática Max Cohen, e da sua busca obsessiva por um padrão matemático
universal que explicaria diversos acontecimentos do mundo.
Pi foi o primeiro longa do diretor. E logo na sua estreia
Aronofsky já demostrou qual seria a sua marca registrada ao longo da carreira,
filmes densos e profundos que mostram muito bem a complexidade da mente humana.
Em Pi o cineasta trabalha muito bem a angustia e a obsessão do protagonista em
busca da resolução do seu problema matemático, e do consequente sofrimento que
isto acarreta ao mesmo.
Para construir essa narrativa pesada e colocar o expectador
no lugar do matemático, o diretor utiliza de alguns artifícios cinematográficos.
Primeiramente o filme é filmado em preto e branco, recurso que dá um ar mais cru
e sombrio à história, assim como Scorsese já havia feito em 1980 no filme Touro
Indomável. Outro recurso interessante usado em Pi é o hip hop montage, técnica
que utiliza cortes extremamente rápidos em close, acompanhados de efeitos
sonoros. Esta técnica ajuda a dar um ritmo mais acerado ao filme, que faz com
que o expectador fique mais agitado, assim como o protagonista da história. Por
fim, a trilha sonora também tem um papel importante nessa ambientação, por ser
aguda e de certa forma desesperadora. Estes recursos utilizados por Aronofsky
de forma mais experimental em Pi seriam utilizados em uma escala muito maior em
seu trabalho posterior, Réquiem para um Sonho de 2000.
Como já citado anteriormente, o diretor sabe muito bem
abordar a mente humana. Aronofsky mostra um certo conhecimento de psicanálise
em seus filmes. Em Pi não é diferente. As cenas no metrô são um simbolismo para
o inconsciente do protagonista. Assim como o metrô que fica em baixo da terra,
escondido da superfície, o inconsciente segundo a psicanalise fica em uma
camada mais profunda da mente humana, escondido da nossa consciência. Sabendo
disso, o diretor usa as cenas no metrô para mostrar o inconsciente de Max,
através de situações aparentemente absurdas, porém recheadas de simbolismo,
igual a um sonho. São mostradas metáforas muito interessantes sobre o que se
passa na cabeça do personagem.
Resumindo, Pi não é um filme fácil de ser assistido, exige
reflexão. Fato que torna o longa ainda mais interessante. O suspense criado ao
redor da busca de Max pelo padrão universal, consegue prender muito bem a
atenção do expectador. Ao mesmo tempo em que queremos descobrir o segredo, sentimos
na pele o sofrimento do protagonista. Aronofsky sabe criar muito bem sensações,
narrativas densas e mergulhar na psique humana. Se você gosta desses elementos
em um filme, Pi é uma ótima pedida!
Confira o trailer do filme:
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