sábado, 4 de fevereiro de 2017

La La Land


Fenômeno nas principais premiações “pré-oscar”, La La Land chama atenção pelo alto número de prêmios ganhos, incluindo 7 Globos de Ouro e 14 indicações ao Oscar. Mas será que a qualidade do filme reflete tantas premiações? É mais do que apenas uma simples homenagem a Hollywood? Agrada também quem não é fã de musicais? A resposta a todas as essas perguntas é a mesma: SIM, SIM e SIM.

Primeiramente, La La Land merece absolutamente todo o buzz que gerou. Todas as indicações e premiações são absolutamente merecidas (salvo algumas exceções que explicarei mais adiante), o filme é tecnicamente impecável, direção, fotografia e figurino, e o principal: tem coração, é emocionante. Quanto à questão de ser apenas uma homenagem a Hollywood, apesar de focar bastante nas referências a filmes antigos, principalmente musicais, La La Land vai além, entrega algo novo, não fica apenas na homenagem. Por fim, apesar de ser um prato cheio para os fãs de musicais, o filme não se atém somente as canções, a beleza e a delicadeza do longa vão encantar até quem não gosta do gênero (o crítico que vos fala por exemplo).

A história do filme gira em torno de dois personagens, a aspirante à atriz Mia e o pianista de Jazz Sebastian. Ambos se mudam para Los Angeles para perseguirem os seus sonhos, no entanto, a realidade de Hollywood é mais dura do que parece. Enquanto que Mia é frequentemente rejeitada em vários testes de elenco, Sebastian tem que tocar músicas que não gosta em bares e festas para se sustentar enquanto tenta realizar o seu sonho de construir um bar de jazz. Porém, tudo muda quando os dois se conhecem e se apaixonam. Um dá apoio para o outro realizar o seu sonho e as coisas começam a entrar nos trilhos.

Analisando apenas a sinopse, não parece ser um grande filme, com uma grande história. De fato, não é uma grande história, o que carrega o filme é a parte estética e técnica impecável, aliada ao carisma dos atores e a parte emocional muito bem trabalhada. O roteiro está longe de ser original, o que de forma alguma tira o brilho do filme, porém não é um roteiro com cacife para ganhar um Oscar. Nesse ponto percebe-se que a indicação à estatueta na categoria de Melhor Roteiro Original foi motivada pelo conjunto da obra de La La Land, essa indicação foi empurrada com a ajuda de toda a qualidade do filme. Dificilmente o longa sairá vitorioso nessa categoria.

Agora, falando sobre a direção e a fotografia do filme, essas sim são o ponto alto de La La Land. O diretor Damian Chazelle (Whiplash), movimenta bastante a câmera para dar aos expectadores a sensação de estar dançando junto com os atores, a imersão da audiência no filme vem muito dessa “câmera dançante”. Além dos inteligentes movimentos de câmera, Chazelle usa muito de belas e tocantes metáforas visuais que ajudam bastante a contar a história. Quanto a estética do filme, como já dito anteriormente é impecável. As cores vibrantes tanto do figurino dos atores quanto da fotografia são um deleite para quem aprecia belas imagens.  A cena musical do pôr do sol e a sequência final do filme são um espetáculo visual. Aliás, a sequência final é com certeza um dos finais de filmes mais bonitos, criativos e tocantes dos últimos tempos. Especialmente devido a direção, edição e a fotografia, que dão um tom poético deslumbrante para o final do longa. Todas as indicações e prêmios nessas categorias são absolutamente merecidas.

Quanto a parte musical propriamente dita do filme, música e dança, esta é muito bem conduzida, tanto pela direção quanto pelo elenco. Apesar de algumas cenas musicais serem um pouco exageradas para quem não é fã de musicais, há alguns números musicais que certamente irão cativar até o mais avesso ao gênero. O fato é que todas as músicas são muito boas, com destaque para City of Stars que está concorrendo merecidamente à estatueta de Melhor Canção.

Por fim, quanto as atuações, estas estão muito boas e tem contribuição vital para o sentimento que o filme passa. O grande destaque fica sem dúvida com Emma Stone, que consegue transmitir muito bem toda a angustia, paixão e alegria da personagem. A atriz dança e canta muito bem, apesar de não ser brilhante, e tem no olhar marcante a sua principal fonte de expressão, indicação ao Oscar mais do que merecida. Quanto a Ryan Gosling, o ator tem uma boa interpretação, abaixo do seu par romântico em nível de atuação,  porém ele consegue transmitir bem os sentimentos do personagem ao mesmo tempo em que faz as vezes de alívio cômico. Está também um degrau abaixo de Stone nas cenas musicais, dança bem, porém não passa de apenas afinado na hora de cantar. Sua indicação ao Oscar é outra que foi na onda das demais atuações, dificilmente ganhará a estatueta.

Concluindo, La La Land é um filme voltado para os fãs de musical e da época de ouro de Hollywood. Porém, também irá agradar quem aprecia um bom uso da linguagem cinematográfica, tanto para ajudar a contar a história, quanto para apenas se deliciar com belas imagens. O longa merece a maioria das indicações que recebeu, e é com certeza um dos grandes favoritos ao Oscar 2017.

NOTA: 9,12


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