terça-feira, 31 de maio de 2016

Os 5+: Darren Aronofsky



Conhecido pelos seus dramas densos que abordam questões profundas como o existencialismo e a psique humana, Aronofsky é sem dúvida um dos diretores mais talentosos dos últimos anos. Além da temática pesada e reflexiva, o diretor é famoso pela imersão que proporciona aos expectadores, através das trilhas sonoras angustiantes, e da sua marca registrada, o hip hop montage.





5° Fonte da Vida (2006)


Protagonizado por Hugh Jackman e Rachel Weiz, Fonte da Vida possui três linhas narrativas: Na espanha da época colonial, um conquistador é mandado por sua rainha para buscar a fonte da vida eterna nas selvas da américa do sul. Enquanto isso nos dias de hoje, um médico pesquisa uma forma de salvar a sua esposa que sofre com um câncer em fase terminal. Por fim, também é mostrado um homem que vive dentro de uma espécie de bolha no espaço, que tem como única companhia uma misteriosa árvore mística.
Este é sem dúvidas o filme mais difícil de se entender do diretor. Apesar de não possuir uma interpretação fechada, em suma o longa trata sobre o sentido da vida, existencialismo, amor e obsessão.

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4° O Lutador (2008)


O filme conta a história de um veterano lutador de wrestling (Mickey Rourke), que luta para voltar aos seus dias de glória nos ringues, ao mesmo tempo em que tenta se reaproximar de sua filha e começa um romance com uma stripper.
O Lutador tem um tom bem melancólico e triste e apesar de não ser tão profundo quanto os outros filmes do Aronofsky, é uma obra com bastante peso dramático. O longa foi muito bem recebido pela crítica, tendo vencido o Leão de Ouro do Festival de Veneza, além de 2 Globos de Ouro e 1 BAFTA.

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3° Pi (1998)


Pi marcou a estreia de Aronofsky como diretor, e logo no seu primeiro trabalho já podemos ver algumas características marcantes do cineasta, como o hip hop montage e a temática psicológica. No longa é contada a história de Max, um gênio da matemática que busca encontrar um padrão numérico universal que explicaria diversos acontecimentos do mundo. A fotografia em preto e branco, a grande a atuação do protagonista (Sean Gullette), e o roteiro e a direção inovadora de Aronofsky chamaram a atenção da crítica. Pi foi premiado em vários festivais de cinema em todo mundo, tendo vencido o importante Sundance Film Festival, famosa premiação para cineastas iniciantes.

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2° Cisne Negro (2010)


Cisne Negro é o filme mais conhecido e aclamado do diretor. Tendo sido indicado a 5 Oscars e vencido na categoria de melhor atriz, Natalie Portman. O longa conta a história de uma bailarina (Portman), que fica obcecada por interpretar perfeitamente o papel do cisne negro no balé o Lago dos Cisnes. O filme aborda muito bem o tema da obsessão, através de interessantes alegorias psicanalíticas. Some ainda a brilhante atuação de Natalie Portman e temos, portanto, um verdadeiro clássico do cinema moderno.

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1° Réquiem Para um Sonho (2000)


Logo em seu segundo filme, Aronofsky já chamou a atenção do grande público com uma obra extremamente original e impactante. Réquiem para um sonho aborda o tema do vício e mostra como ele pode gradativamente destruir a vida das pessoas. O filme se notabilizou pelo seu aspecto sensorial, o diretor consegue com louvor colocar o expectador no lugar dos personagens e fazê-los sentir a mesma angustia dos mesmos. Através da trilha sonora agoniante e do uso do hip hop montage, Aronofsky transforma Réquiem Para um Sonho em uma verdadeira experiência de imersão, perturbadora e desconfortável, mas muito bem orquestrada e admirável.
O filme conta ainda com grandes atuações, de Jared Leto, Marlon Wayans e Jennifer Connely, mas principalmente de Ellen Burstyn, que apresenta além da impressionante transformação física uma das interpretações mais viscerais da história do cinema. A atriz foi indicada ao Oscar, ao Globo de Ouro e ao SAG pelo papel.

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sexta-feira, 27 de maio de 2016

Os 5+: Filmes de Guerra


Desde as guerras da Roma antiga até a recente guerra do Iraque, os conflitos bélicos sempre foram bastante abordados pelo cinema. Devido a abundância de filmes dessa temática existe uma grande quantidade de bons longas de guerra. Decidimos, portanto, fazer uma lista com os melhores na nossa opinião.
A regra utilizada para a elaboração dessa lista foi de se considerar apenas filmes que se passem predominantemente no campo de batalha e que tenham foco nos soldados. Sendo assim, ficaram de fora grandes filmes que não se encaixam nesse critério, como: A Lista de Schindler, O Pianista, O Menino do Pijama Listrado, A Vida é Bela e Franco Atirador.





5° Pecados de Guerra (1989)


Dirigido por Brian De Palma e protagonizado por Michael J. Fox e Sean Penn, Pecados de Guerra se passa no Vietnã e conta a história de um soldado americano (Fox), que se vê tendo de confrontar sozinho o seu próprio comandante (Penn), que sequestra uma garota vietnamita para servir de escrava sexual para todo o batalhão.
O filme tem um ar bem pesado, e aborda até que ponto o ser humano se torna selvagem em situações extremas. Com destaque para as grandes atuações de Michael J. Fox, que mostra que funciona muito bem também em dramas, e para Sean Penn, que convence bastante no papel de um sargento surtado e totalmente sem limites.

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4° Glória Feita de Sangue (1957)


Dirigido por Stanley Kubrick e protagonizado por Kirk Douglas, o filme se passa durante a primeira guerra mundial, e aborda as consequências políticas de um ataque suicida francês aos alemães. O longa é considerado um dos melhores trabalhos de Kubrick e conta com uma clara e inteligente mensagem antibélica. Além disso, possui uma das melhores cenas de batalha do cinema, quando os franceses atacam os germânicos logo no início do filme.

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3° Apocalypse Now (1979)


Dirigido por Francis Ford Coppola, o filme se passa na guerra do Vietnã e conta a história do militar membro do grupo de operações especiais Benjamin Willard (Martin Sheen), que é incumbido de encontrar e assassinar o Coronel Kurtz (Marlon Brando), um desertor do exército americano que agora comanda o seu próprio exército nos confins das selvas asiáticas.
O filme foi extremamente aclamado pela crítica, tanto pela sua qualidade técnica e dramática, quanto pela dificuldade de ser realizado. O longa demorou mais de 3 anos para ser finalizado, devido a cenários caros que foram destruídos pelo mal tempo, além de problemas com o orçamento que foi várias vezes estourado devido à demora para a finalização. Outros fatos curiosos que complicaram a realização do filme, foram o ataque cardíaco que o ator Martin Sheen sofreu durante as gravações, e o fato de Marlon Brando se apresentar no set muito acima do peso e sem decorar as suas falas.
Apocalipse Now ganhou a Palma de Ouro de Cannes, além de ter vencido 3 Globos de Ouro e 2 BAFTAS.

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2° Platoon (1986)


Escrito e dirigido por Oliver Stone, Platoon se passa durante o a guerra do Vietnã, e é narrado através dos olhos do soldado Chris (Charlie Sheen), um jovem idealista de boa condição social que decide se alistar voluntariamente. Durante o confronto Chris acaba conhecendo os sargentos Barnes (Tom Berenger) e Elias (Willian Defoe), que tem uma rixa entre si.
O filme foi um grande sucesso de crítica, tendo vencido 4 Oscars: melhor filme, melhor diretor, melhor som e melhor montagem. Além de vencer 3 Globos de Ouro, 2 BAFTAS e um Urso de Prata do Festival de Berlim.
 O filme conta ainda com um elenco de peso, com os já citados Charlie Sheen, Tom Berenger e Willian Defoe, além de Forest Whitaker e Johnny Depp, ainda em começo de carreira.

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1° O Resgate do Soldado Ryan (1998)


Dirigido por Steven Spielberg, e estrelado por Tom Hanks e Matt Damon, O Resgate do Soldado Ryan se passa durante o ataque dos aliados na Normandia na segunda guerra mundial, e conta a história de um grupo de soldados, liderados pelo Capitão John Miller Jr. (Tom Hanks) que tem como missão resgatar o soldado James Francis Ryan (Matt Damon).
O filme consegue o difícil feito de mesclar muito bem as cenas de ação no campo de batalha com as cenas de drama dos soldados, e é definitivamente o longa de guerra mais competente nesse aspecto. Além disso, O Resgate do Soldado Ryan conta com um dos começos mais eletrizantes da história do cinema, durante a batalha do dia D, que além do ritmo alucinante usa muito bem o recurso da câmera lenta e do silêncio. Tal recurso, que foi amplamente utilizado pela maioria dos filmes de guerra que vieram depois.

O longa foi um grande sucesso de público e crítica, tendo arrecadado mais de 480 milhões de dólares, além de ter vencido 5 Oscars, nas categorias melhor diretor, fotografia, edição, edição de som e mixagem de som. O filme ainda venceu 2 Globos de Ouro e 2 BAFTAS. 

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quarta-feira, 25 de maio de 2016

O Profissional (1994)


O Profissional, 1994, é uma co-produção entre França e EUA dirigida por Luc Besson e estrelada por Jean Reno, Natalie Portman e Gary Oldman. O longa conta a história da relação de amizade entre o assassino de aluguel Léon (Reno), e uma garotinha de personalidade forte chamada Mathilda (Portman). Apesar de conter muitas cenas de troca de tiros e explosões, o filme não se enquadra totalmente no gênero de ação. O longa tem grandes sequências de ação, mas o foco do filme é na relação entre os protagonistas Léon e Mathilda.

A direção de Luc Besson é muito boa. O diretor alterna muito bem entre momentos de ação e extrema tensão, com momentos mais descontraídos em que é desenvolvida a relação entre o o assassino e a garota. Besson utiliza muito de planos fechados e planos detalhes para criar suspense, ao mesmo tempo em mostra que sabe conduzir brilhantemente sequências de ação.

O francês também escreveu o roteiro do longa ao lado de Patrice Ledoux. A dupla de roteiristas construiu personagens interessantíssimos, repletos de particularidades. Léon é um assassino letal que também possui um lado infantil, ele só bebe leite, não sabe ler e escrever, e em certos momentos tem a mentalidade de uma criança, sem falar no seu visual marcante, com os óculos redondos, touca e suspensórios. Mathilda por sua vez, é uma menina carismática, de gênio forte e em certos momentos aparenta ser muito mais velha do que realmente é. E por último, o vilão do filme, o policial corrupto Starsfield (Oldman), é um cruel e excêntrico criminoso, que adora música clássica e sempre toma uma pílula antes de matar alguém.  

Outro mérito de Besson e Ledoux é o de criar uma excelente química entre dois personagens aparentemente muito distintos, um assassino de aluguel e uma menina. No entanto, se olharmos com um olhar mais atento, veremos que existem certas características comuns aos dois. Como já dito anteriormente, apesar de ser um matador, Léon possui um lado mais inocente, um lado mais criança, daí que vem a sua identificação com a garota. Mathilda por sua vez é uma garota com certas características de adulta, portanto pode se perceber que um acaba completando o outro.

Outro ponto de destaque do filme são as interpretações. As atuações são excelentes e enriquecem ainda mais o trabalho da direção e do roteiro. Jean Reno, está muito bem como o assassino solitário e frio, que ao mesmo tempo tem um lado mais infantil e ingênuo. O ator francês consegue passar muito bem essa dualidade entre a violência e a infantilidade do seu personagem. Gary Oldman como de costume está ótimo, o ator está surtado no papel do excêntrico e perigoso Starfield. Já a jovem Natalie Portman, mesmo com apenas 13 anos já demostra todo o seu imenso potencial como atriz, e é o grande destaque do filme ao viver a carismática Mathilda.

Concluindo, O Profissional é um filme que merece ser visto tanto pelos fãs de ação, quanto por aqueles que gostam de uma história mais elaborada, com personagens muito bem escritos e marcantes. A direção de Luc Besson sabe trabalhar tanto as filmagens de ação, quanto o aspecto narrativo da história. Por fim, as atuações são “a cereja do bolo”, e são cruciais para transformar o filme em uma excelente obra cinematográfica.

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segunda-feira, 23 de maio de 2016

Os 5+: Papéis Dramáticos de Jim Carrey


Apesar de Jim Carrey ser mais lembrado pelos seus papeis cômicos, o ator também se sai muito bem em dramas. A prova disso é que o ator já recebeu 2 indicações ao Globo de Ouro na categoria melhor ator, nos filmes O Mundo de Andy e O Show de Truman. Carrey mostrou ao longo de sua carreira que pode fazer o expectador chorar na mesma medida em que o faz rir, se mostrando um dos raros casos de ator completo.
Escolhemos quais são na nossa opinião os melhores papais dramáticos de Carrey. Confira!






                     5° Filme: Cine Majestic (2001)
                         Papel: Peter Appleton


Neste filme, Jim Carrey vive Peter Appleton, um promissor roteirista de Hollywood, que passa a ser acusado de ser comunista pelo macarthismo que imperava nos EUA nos anos 50. Deprimido, Peter sofre um acidente de carro após dirigir embriagado, e acaba perdendo a memória. Encontrado por um morador de uma cidade pequena, o protagonista é confundido com o filho do proprietário do cinema local que havia desaparecido durante a segunda guerra mundial.
Jim Carrey, tem uma atuação muito sutil, porém marcante no filme. Ele consegue passar bem o sentimento de confusão mental do personagem, e de quebra ainda arranca algumas risadas, além de fazer com excelência cenas mais tristes.





                          4° Filme: Número 23 (2007)
                              Papel: Walter Sparrow


Jim Carrey interpreta Walter, um pacato funcionário de um canil municipal que vê sua vida mudar drasticamente depois de ler um livro que ganhou da esposa. Com título homônimo ao nome do filme, o livro conta a história de um homem obcecado pelo número 23. Walter acaba reconhecendo várias passagens do romance como sendo fatos que aconteceram na sua vida, e acaba por ficar paranoico com o misterioso número.
O ator mostra uma nova faceta em Número 23, ao demonstrar que funciona muito bem em um thriller psicológico. A paranoia e a obsessão transmitidas por Carrey fazem o expectador entrar de cabeça no suspense do filme.





3° Filme: Brilho Eterno de Uma Mente Sem Lembranças 
Papel: Joel Barrish


Joel (Jim Carrey) e Clementine (Kate Winslet) são um casal de namorados, que após uma briga decidem passar por um procedimento mental que apagará as lembranças que cada um tem do parceiro. O filme trata de uma forma muito inteligente a dor do termino de um relacionamento, e do quanto vale esquecer ou não a pessoa amada.
Esta é possivelmente a performance mais introspectiva e dramática da carreira do ator. Jim Carrey transmite muito bem toda a dor e o sofrimento de Joel, ao mesmo tempo em que convence muito bem como par romântico de Kate Winslet. A atuação de Carrey foi muito bem recebida pelos críticos, e lhe rendeu uma indicação ao Globo de Ouro e outra ao BAFTA.





                  2° Filme: O Mundo de Andy (1999)
                       Papel: Andy Kaufman


O filme conta a história real do polêmico comediante Andy Kaufman. Jim Carrey impressionou a todos com sua atuação extremamente impactante e real do famoso humorista. O ator vai além de simplesmente imitar o comediante, e consegue dar uma grande profundidade e dramaticidade ao personagem. Andy parecia que estava sempre interpretando, mesmo em entrevistas e na sua vida pessoal, e Jim Carrey consegue pegar muito bem essa faceta de “nunca sair do personagem” de Kaufman.
Jim Carrey foi indicado ao BAFTA e ao SAG, e venceu o Globo de Ouro na categoria de melhor ator.




                   1° Filme: O Show de Truman (1998)
                        Papel: Truman Burbank
                            (Alerta de Spolier)


Neste aclamado drama, Jim Carrey interpreta Truman Burbank, um homem pacato e feliz que não sabe que sua vida na verdade é um reality show que é transmitido para todo o país. Após alguns acontecimentos, Truman desconfia que alguma coisa está errada e decide investigar melhor certos mistérios da sua vida.
Este foi o primeiro papel dramático do ator, que impressionou o público ao mostrar que poderia fazer papeis de drama com a mesma excelência que fazia comédia. A atuação de Jim Carrey vai da alegria no começo do filme a extrema tristeza  e desilusão no final quando descobre que sua vida é uma farsa. A cena final aliás, é uma das mais tristes e emocionantes da história do cinema. Quando Truman começa a chorar e bater no cenário que ele acreditava ser o horizonte, é de partir o coração. O ator consegue passar de uma forma muito real todo o sofrimento que seria descobrir que sua vida na verdade é um programa de televisão.

O papel rendeu ao ator o seu primeiro Globo de Ouro, além de uma indicação ao BAFTA.







quinta-feira, 19 de maio de 2016

O Pagador de Promessas


Dirigido por Anselmo Duarte e lançado em 1962, O Pagador de Promessas narra a história de peregrinação de Zé do Burro, um pacato e simplório homem do campo que faz uma promessa para a Iansã (que ele julga ser o equivalente de Santa Clara no Candomblé) para que a mesma cure o seu amado burrinho de estimação Nicolau. Uma vez que o burro é salvo, Zé decide cumprir a sua promessa de ir andando com uma cruz nas costas até uma igreja que fica a quilômetros da sua casa. No entanto, ao chegar na igreja o padre não o deixa entrar, pelo fato de Zé ter feito a promessa a uma entidade do Candomblé, que o catolicismo julga como magia negra.

A história começa a se desenrolar a partir do momento em que o padre impede Zé do Burro de pagar a sua promessa, daí se inicia o principal conflito do filme que dura até o final e toma proporções gigantescas com a chegada da imprensa, do povo e da polícia. Apesar da premissa aparentemente simples, é a forma como o diretor Anselmo Duarte conta a história que torna o filme tão grande e importante.

A direção, alterna entre planos abertos e fechados, criando imagens belíssimas.  Enquanto os planos abertos mostram a inferioridade de Zé frente ao poder da igreja, os planos fechados no rosto do protagonista mostram o seu sofrimento. O diretor reforça em diversos momentos a inferioridade do protagonista frente as instituições de poder. Como na cena em que o Zé é filmado em um degrau mais baixo da escadaria enquanto o padre está degraus acima.

É importante salientar que o filme fez parte do movimento cinematográfico brasileiro conhecido como “Cinema Novo”. Que se caracterizou por conter uma temática de crítica social e pela simplicidade e realismo com que eram feitos os filmes. A frase “uma câmera na mão e uma ideia na cabeça” resume bem o movimento, que teve forte influência do Neorrealismo italiano e da Nouvelle Vague francesa. Uma vez situado o contexto em que foi realizado o longa, é possível entender melhor suas críticas a sociedade brasileira e sua forma nua crua.

O Pagador de Promessas tem uma crítica social muito interessante à igreja, a imprensa e a polícia. Essas 3 fortes instituições sufocam Zé, que por ser um homem simples acaba se vendo totalmente impotente frente a elas. A igreja rejeita ele pelo simples fato do mesmo ter se relacionado com uma religião africana. A imprensa faz do seu caso uma grande matéria para vender jornal e o trata como um revolucionário. E a polícia por sua vez o julga um elemento perigoso devido a matéria do jornal. Ou seja, vemos no filme uma metáfora para a inferioridade do homem comum frente ao poder coercitivo.

A qualidade do longa rendeu a O Pagador de Promessas grande reconhecimento internacional. O filme foi a primeira produção nacional a concorrer ao Oscar de melhor filme estrangeiro. Apesar de não ter levado o prêmio da academia, o longa ganhou a prestigiada Palma de Ouro de Cannes, e permanece até hoje como o único filme brasileiro a ter vencido a premiação.Portanto, se você deseja conhecer melhor o cinema nacional, e de quebra assistir a um filme inteligente e bem elaborado, O Pagador de Promessas é uma excelente pedida!




quarta-feira, 18 de maio de 2016

O Franco Atirador




Lançado em 1978 e dirigido por Michael Cimino, O Franco atirador conta a história de um grupo de amigos americanos de ascendência russa que são convocados para lutarem no Vietnã. Mike (Robert De Niro), Nick (Christopher Walken) e Steven (John Savage) passam por um grande trauma na guerra que os afeta profundamente. Apesar de ser um filme sobre guerra, o foco do longa é nas consequências que o campo de batalha acarreta aos personagens. Não existem muitas cenas de ação com tiros e explosões, mas sobram cenas dramáticas.

O filme faz parte do movimento cinematográfico conhecido como “Nova Hollyoowd”, que tinha como principais características o realismo, a crítica social e a estética do cinema europeu. O Franco Atirador trata da guerra de uma forma não romântica, brutal e realista. A fotografia e a trilha sonora contribuem bastante para dar esse ar pesado e triste ao filme, enquanto que a primeira abusa de belas imagens com cores mais frias, a segunda entra com canções bonitas e melancólicas, conferindo todo um charme ao longa.

Quanto as atuações, o elenco conta com várias estrelas que não decepcionam. Robert De Niro está em um dos melhores papeis de sua carreira, sendo que ele consegue passar muito bem toda complexidade e loucura do personagem Mike.  John Savage e Christopher Walken não ficam atrás, ambos os atores têm interpretações muito consistentes e fortes. É possível notar muito bem que a guerra traumatizou ambos de uma forma extremamente profunda, especialmente Nick, que através da grande atuação de Walken dá um realismo impressionante ao personagem. Outra estrela que merece destaque é a jovem Meryl Streep, que apesar de não ter um papel grande e nem interpretar uma mulher forte como nos habituamos a ver ao longo de sua carreira, tem uma boa atuação como Linda, a namorada de Nick.

Além de claramente ser um filme com uma mensagem antibélica, O Franco Atirador também tem algumas mensagens não tão aparentes, percebidas através de metáforas e simbolismos. O evento principal do filme que é a cena da roleta russa, pode ser entendido como uma metáfora para a guerra em si. Pois assim como na roleta russa, na guerra há uma grande chance de os participantes morrerem, sendo que em ambos os casos a sobrevivência está ligada a sorte, a aleatoriedade. A guerra e a roleta russa também têm em comum o fato de serem de certa forma “jogos estúpidos”, que brincam com a vida humana, e que a tratam como algo descartável.  Pode-se dizer que os protagonistas já receberam um “tiro de roleta russa” logo no início do filme, ao serem convocados para guerra. Eles foram escolhidos entre vários jovens americanos para arriscar as suas vidas no Vietnã.

Outro fato interessante do filme, é que os protagonistas são americanos de origem russa, que ficam marcados por um evento que envolve roleta russa. Há uma relação entre a etnia deles e o jogo, mostrando que no fundo eles já tinham um pouco daquela loucura, em especial o personagem Mike, que se mostra desequilibrado e agressivo desde o início da trama. O que acontece é que a guerra, em específico o evento da roleta russa, ampliou e externalizou algo que já existia dentro de cada um deles.

Ainda sobre o fato da origem russa dos personagens, é curioso que jovens de origem russa se envolvam em uma guerra que foi decorrente do conflito entre os EUA e a URSS. Apesar da guerra ser contra os vietcongues, o que a motivou foi a contenção do regime comunista pelo mundo, do regime russo da época. Portanto, dada que esta foi uma guerra quase que indireta contra os russos, é possível interpretar a batalha dos protagonistas no Vietnã como uma guerra contra eles mesmos, uma luta que não há como vencer, só se ferir.

Concluindo, O Franco Atirador é sem dúvida um dos filmes mais impactantes e brutais da história do cinema, com atuações viscerais e uma trilha sonora e fotografia marcantes. Não atoa o filme recebeu vários prêmios, incluindo 5 Oscars nas categorias melhor filme, melhor diretor (Michael Cimino), melhor ator coadjuvante (Christopher Walken), melhor edição e melhor som. Além de 2 BAFTAS, melhor fotografia e edição e 1 Globo de Ouro para melhor diretor.




segunda-feira, 16 de maio de 2016

Os 5+: David Fincher



David Fincher começou a dirigir filmes na década de 90. Seu primeiro trabalho foi na aclamada franquia Alien, com o terceiro longa da saga em 1992. De lá para foram 10 filmes realizados, com grandes sucessos de público e crítica, que o tornaram um dos principais cineastas de Hollywood atualmente. Além de filmes, Fincher também dirigiu alguns episódios da série House of Cards.

Confira abaixo quais são na nossa opinião os melhores longas do diretor:




5° A Rede Social (2010)


O filme conta a história por trás da criação do Facebook, desde a criação da rede social, até a sua consolidação como uma das empresas mais valiosas do mundo. É o maior sucesso de crítica e público do diretor, tendo arrecadado grande bilheteria e arrematado diversos prêmios, como 3 Oscars, 4 Globos de Ouro e 3 BAFTAS. Fincher venceu o Globo de Ouro e o BAFTA como melhor diretor, além de ter sido indicado ao Oscar.


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4° Zodíaco (2007)


O filme acompanha a saga do repórter Graysmith (Jake Gyllenhaal), que busca descobrir quem é o misterioso serial killer conhecido como “Zodíaco”. A narrativa enigmática prende o expectador do começo ao fim, com um suspense de primeira linha. Um dos melhores filmes do gênero nos últimos 10 anos.
Além disso, Zodíaco conta com um grande elenco, incluindo Robert Downey Jr, Mark Ruffalo e o já citado Gyllenhaal. Apesar de não ter concorrido a muitos prêmios, o filme foi indicado a Palma de Ouro de Cannes.

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3° O Curioso Caso de Benjamin Button (2008)


Baseado em um conto do famoso escritor F. Scott Fitzgerald, o filme conta a história de um homem (Brad Pitt) que nasce velho e vai se tornando mais jovem ao longo do tempo. Sua natureza fantástica, aliada a um visual impressionante e grandes atuações fizeram do longa um grande sucesso. Fazendo o se tornar um dos filmes com mais indicações na história do Oscar, 13, tendo vencido em 3, melhores efeitos especiais, melhor direção de arte e melhor maquiagem. O Curioso Caso de Benjamin Button marcou a primeira indicação de Fincher ao prêmio de melhor diretor da academia.

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2° Seven (1995)


Foi o primeiro grande sucesso do diretor e marcou o início da parceria com Brad Pitt, repetida em Clube da Luta e O Curioso Caso de Benjamin Button. O filme narra a investigação realizada pela dupla de policiais vividos por Pitt e Morgan Freeman, que estão atrás de um misterioso serial killer que baseia seus crimes nos sete pecados capitais.
O grande roteiro e a maneira brilhante que foi conduzido por Fincher fizeram de Seven um sucesso, rendendo-lhe uma indicação ao Oscar de melhor edição e ao BAFTA de melhor roteiro.

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1° Clube da Luta (1999)


Citado frequentemente em listas dos melhores filmes de todos os tempos, Clube da Luta já figura como um dos maiores clássicos do cinema. Baseado no livro homônimo, o longa conta a história de um homem frustrado com o seu emprego formal e sua vida sem graça regada a consumismo. Após conhecer o descolado Tyler Durdeen, ele decide criar um clube clandestino de luta.
Recheado de críticas sociais e referenciais filosóficas, o filme também abusa do humor negro para criar uma história interessantíssima. Sem falar das grandes atuações dos protagonistas, Edward Norton, Brad Pitt e Helena Bonhan Carter, que enriquecem ainda mais o longa.
Além da sua inegável qualidade cinematográfica, Clube da Luta se tornou um verdadeiro fenômeno da cultura pop. Quem nunca citou as famosas regras do Clube da Luta?

Apesar de tudo isso, o filme foi um fracasso de bilheteria, muito por conta de uma publicidade negativa a respeito da violência do longa. Clube da Luta só foi reconhecida pela crítica e pelo grande público posteriormente com o lançamento do DVD.


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