sábado, 11 de fevereiro de 2017

Manchester a beira mar




Dirigido por Kenneth Lonergan e estrelado por Casey Affleck (irmão de Bem Affleck), Manchester a beira mar desponta como um dos grandes filmes do Oscar 2017, tendo recebido 6 indicações ao prêmio da Academia nas categorias de Melhor Filme, Melhor Diretor, Melhor Ator, e Melhor Ator e Atriz Coadjuvante.

O longa conta a história de Lee Chandler um homem amargurado, que vive longe da sua família e cidade natal após ter cometido um terrível erro no passado. Tudo muda quando o irmão de Lee, Joe Chandler (Kyle Chandler), morre e o protagonista se vê forçado a voltar para sua cidade para cuidar do funeral do irmão ao mesmo tempo em que terá que cuidar do seu sobrinho Patrick (Lucas Hedges).

Apesar da história em si não ser espetacular, o grande mérito do roteiro está na construção do protagonista. O personagem é o motor da história, ele que dá vida e sustenta toda a narrativa. O roteiro vai revelando aos poucos a razão da tristeza de Lee, e o uso inteligente dos flashes back ajudam bastante a fazer essas revelações. O recurso narrativo aparece apenas em momentos oportunos, mostrando gradativamente cenas do passado que se relacionam com o presente do protagonista.

No entanto, o roteiro é bastante afetado pelas mudanças de tom da história. O filme que se propõe a ser um filme triste sobre arrependimento, amargura e perda, acaba se perdendo quando tenta inserir alívios cômicos. O problema no caso é que existem muitas “piadinhas” e cenas que pretendem ser engraçadas para aliviar a tensão da história. Mas que na verdade acabam “quebrando” a atmosfera melancólica do filme. Manchester a beira mar tem excessivos momentos de humor para um longa do gênero de drama, ocasionando um contraste de tom que não cai bem.

Quanto a direção, a mesma é discreta e não se faz notar, talvez para dar um ar ainda mais realista ao filme, o que acaba funcionando bem. Apesar de não possuir a assinatura do diretor, a direção é extremamente competente em contar a história, ela trabalha quase que exclusivamente para contar bem a história, e consegue fazer muito bem.
Se na direção Manchester a beira mar é discreto, o mesmo não pode se dizer da fotografia. Esta sim possui uma característica bem marcante, o uso de cores frias que ajudam muito bem  a transmitir a melancolia do protagonista. Podemos dizer que além de belíssima a fotografia do filme também conta a história.

Quanto as atuações, o elenco inteiro está muito bem. A começar pelo protagonista vivido por Casey Affleck, que apresenta uma performance muito impactante. O papel de Lee Chandler se encaixa perfeitamente para o ator. A falta de expressão de Affleck casa muito bem com a personalidade do protagonista, que é um homem melancólico e introspectivo, e por isso costuma segurar as emoções. Devido as dores do seu passado traumático, Lee se tornou uma pessoa totalmente destruída por dentro, e o ator consegue passar de forma muito convincente esses sentimentos. Merecida indicação ao Oscar!

Sobre o restante do elenco, o destaque fica com Michelle Willians no papel de Randi, a ex mulher de Lee. Apesar de ter pouco tempo de cena, atriz impressiona nos poucos momentos em que aparece. A atriz consegue transmitir muito bem toda a dor da personagem, principalmente nas cenas em que reencontra o ex marido. Indicação mais do que merecida!

Ainda sobre as atuações, Lucas Hedge no papel de Patrick, o sobrinho de Lee, tem uma atuação muito consistente e convincente, porém não ao ponto de merecer ser indicado ao Oscar. O ator não entrega nada fora do comum, apenas o suficiente para uma boa atuação, nada mais do que isso.

Resumindo, Manchester a beira mar é um filme triste e melancólico, com uma visão bem realista de temas como o perdão, arrependimento e a dor da perda. Apesar de ser atrapalhado em alguns momentos pelo excesso de humor, o longa é destinado a todos aqueles que gostam de um drama forte e extremamente humano. As impactantes atuações aliadas ao sensível trabalho de direção e fotografia transformam merecidamente o filme em um dos grandes favoritos ao Oscar, ainda que corra por fora.


NOTA: 8,9




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